O método criativo por trás dos jogos da Ubisoft
Fawzi Mesmar, diretor criativo do aguardado Beyond Good & Evil 2, revelou recentemente detalhes fascinantes sobre como a Ubisoft aborda o desenvolvimento de seus jogos. Em uma entrevista exclusiva, o veterano da indústria compartilhou insights valiosos sobre os processos que transformam ideias em experiências interativas memoráveis.
Os pilares da criação na Ubisoft
Mesmar descreveu três elementos fundamentais que norteiam o trabalho criativo nos estúdios da Ubisoft:
Colaboração multidisciplinar - Times diversos trabalhando em conjunto desde as fases iniciais
Iteração constante - Prototipagem rápida e refinamento contínuo das mecânicas
Foco na experiência do jogador - Todas as decisões passam pelo filtro do impacto na jornada do usuário
"Muitas pessoas imaginam que a criação de jogos é um processo caótico e sem estrutura", comentou Mesmar. "Na verdade, desenvolvemos metodologias que equilibram liberdade criativa com direção clara."
Desafios específicos de Beyond Good & Evil 2
O diretor criativo destacou como esses princípios estão sendo aplicados no desenvolvimento do tão esperado Beyond Good & Evil 2. O jogo, que já está em produção há vários anos, representa um desafio único por ser a sequência de um título cultuado pelos fãs.
"Temos que honrar o legado do primeiro jogo enquanto introduzimos mecânicas modernas e uma escala muito maior", explicou Mesmar. "Isso exige um processo criativo que preserve a essência da franquia, mas que também permita inovações ousadas."
Segundo o diretor, a equipe está utilizando uma abordagem chamada "design espiral", onde conceitos são testados em pequena escala antes de serem expandidos para todo o jogo. Essa metodologia ajuda a evitar retrabalhos significativos em fases posteriores do desenvolvimento.
Como a tecnologia molda a criatividade
Mesmar também abordou como as ferramentas tecnológicas estão transformando o processo criativo na Ubisoft. "Temos engines cada vez mais poderosas, mas o verdadeiro diferencial está em como as usamos", refletiu. Ele citou o Ubisoft Anvil, motor interno da empresa, como exemplo de plataforma que evolui constantemente para atender às necessidades dos criadores.
O diretor compartilhou um caso interessante: durante o desenvolvimento de Beyond Good & Evil 2, a equipe criou ferramentas personalizadas para prototipagem rápida de mecânicas de voo espacial. "Em vez de esperar meses pela implementação técnica completa, nossos designers podiam testar ideias em questão de dias", explicou.
O papel das comunidades no desenvolvimento
Outro aspecto fascinante discutido foi a interação com os fãs durante o processo criativo. A Ubisoft tem adotado uma abordagem cada vez mais aberta, especialmente com títulos como Beyond Good & Evil 2 e Skull & Bones.
Programas de feedback antecipado - Grupos selecionados de jogadores testam conceitos em fase inicial
Transparência no desenvolvimento - Compartilhamento regular de atualizações e behind-the-scenes
Incorporando sugestões da comunidade - Mecânicas inspiradas diretamente em feedback dos fãs
"É um equilíbrio delicado", admitiu Mesmar. "Queremos ouvir nossos jogadores, mas também precisamos manter uma visão coesa do projeto. Às vezes, a melhor maneira de honrar os fãs é surpreendê-los com algo que nem sabiam que queriam."
Adaptando-se às mudanças na indústria
A conversa também explorou como os processos criativos da Ubisoft estão se adaptando às transformações no mercado de jogos. Com o crescimento de serviços como Xbox Game Pass e a ascensão dos jogos live-service, as equipes precisam repensar abordagens tradicionais.
Mesmar destacou que mesmo franquias estabelecidas como Assassin's Creed estão evoluindo seus métodos. "Quando começamos Valhalla, sabíamos que precisávamos criar um mundo que os jogadores quisessem habitar por anos, não apenas completar e seguir em frente", contou. Essa mentalidade influenciou desde o design dos sistemas de progressão até a construção narrativa.
O diretor também mencionou o impacto do trabalho remoto nos processos criativos. "Perdemos um pouco da magia dos encontros casuais no corredor, mas ganhamos novas formas de colaboração assíncrona", refletiu. Ele citou o uso intensivo de ferramentas como o Ubisoft Connect para compartilhamento de ideias entre estúdios em diferentes fusos horários.
Com informações do: MeuPlaystation