O PDA que desafiava o Game Boy
O sucesso do Game Boy original não estava em sua tecnologia, sua tela monocromática ou seu famoso consumo de pilhas, mas sim em seu catálogo de jogos absolutamente imbatível: o primeiro Super Mario Land e sua sequência, Zelda: Link's Awakening, os primeiros jogos de Pokémon, Tetris... Mas e se outro sistema portátil pudesse oferecer os mesmos jogos? A resposta curta é Sharp, que era parceira da Nintendo, pensou exatamente isso e, de fato, tornou isso realidade.
Uma jogada estratégica
O Game Boy foi um sucesso instantâneo desde seu lançamento no Japão em abril de 1989, e sua recepção nos Estados Unidos no mesmo verão não ficou atrás. Por isso, em setembro daquele ano, a Sharp anunciou por meio de um comunicado à imprensa seu PA-X1, um modelo especial de sua família de PDAs cujo nome evocava os computadores domésticos para jogos Sharp X1. As semelhanças na infraestrutura de ambos e sua tela permitiam conversões perfeitas dos jogos disponíveis no console da Nintendo. Uma jogada de mestre.
A notícia PA-X1, la PDA de Sharp que tenía los mismos juegos de la Game Boy, incluido su Tetris foi publicada originalmente em Vida Extra por Frankie MB.
O segredo por trás da compatibilidade
O que tornava o PA-X1 especial era sua arquitetura interna, que compartilhava semelhanças notáveis com o hardware do Game Boy. Ambos os dispositivos usavam processadores Z80 customizados, e a tela LCD do PDA da Sharp tinha resolução e taxa de atualização idênticas às do portátil da Nintendo. Essa coincidência técnica permitia que os cartuchos do Game Boy fossem lidos diretamente no PA-X1 através de um adaptador especial - um acessório que poucos conheciam na época.
Curiosamente, a Sharp nunca comercializou oficialmente esse adaptador. Ele era distribuído apenas para desenvolvedores e parceiros selecionados, o que explica por que poucas unidades sobreviveram até hoje. Alguns colecionadores afirmam que o acessório era semelhante a um cartucho de Game Boy alongado, com um slot na parte superior para inserir os jogos.
Uma rivalidade discreta
Apesar da parceria entre Sharp e Nintendo, havia claramente uma competição velada entre os dois produtos. Enquanto o Game Boy se posicionava como um console de jogos dedicado, o PA-X1 tentava conquistar um público mais adulto com suas funções de agenda eletrônica e calculadora. Mas será que a Sharp realmente esperava competir com o fenômeno Game Boy?
Analisando os materiais de marketing da época, percebe-se uma estratégia ambígua. Por um lado, a empresa destacava a compatibilidade com jogos como um recurso secundário. Por outro, em eventos para a imprensa, os representantes da Sharp passavam mais tempo demonstrando Tetris no PA-X1 do que mostrando suas funções organizacionais. Parecia quase um teste de mercado - será que os executivos estavam avaliando a possibilidade de lançar seu próprio console?
O que sabemos é que a Nintendo reagiu rapidamente. Poucos meses após o lançamento do PA-X1, a empresa começou a implementar pequenas modificações nos cartuchos do Game Boy que dificultavam sua execução no hardware da Sharp. Era o início de uma guerra silenciosa de compatibilidade que antecedeu em décadas conflitos similares na indústria de consoles.
Com informações do: VidaExtra