O segundo volume de Minor Myths and Legends, spin-off da popular série Is It Wrong to Try to Pick Up Girls in a Dungeon?, chega mantendo o charme do universo de DanMachi, mesmo que com um ritmo um pouco diferente do primeiro livro. A obra continua explorando histórias secundárias e aprofundando personagens que, no enredo principal, nem sempre recebem o devido destaque.

O Que Esperar Deste Volume?

Se você é fã da franquia, já sabe que o grande trunfo desses spin-offs é a oportunidade de ver o mundo de Orário por outras perspectivas. Este volume não foge à regra e mergulha em narrativas que complementam os eventos principais, oferecendo camadas adicionais de contexto e desenvolvimento para figuras queridas — e até mesmo para algumas menos conhecidas.

É interessante notar como o autor, Fujino Ōmori, utiliza esses contos para explorar mitos menores e lendas que não caberiam no arco central da história. Isso enriquece consideravelmente o lore da série, dando a sensação de que o mundo é vivo, pulsante e cheio de histórias além daquelas que acompanham Bell Cranel em sua jornada na masmorra.

Comparação com o Volume Anterior

Vale mencionar que, para alguns leitores, este segundo volume pode não atingir exatamente o mesmo impacto do primeiro. O elemento novidade já não está mais presente, e as histórias, embora ainda muito bem construídas, seguem uma linha um pouco mais previsível. Mas isso é quase inevitável em qualquer série — o primeiro contato sempre tem um sabor especial, não é mesmo?

Ainda assim, a qualidade da escrita se mantém. O humor característico, os momentos de ação e aquelas cenas mais tranquilas que aprofundam as relações entre os personagens continuam presentes e são muito bem dosados.

Para Quem É Esta Leitura?

Definitivamente, não é uma obra para iniciantes. Se você ainda não está familiarizado com o universo de DanMachi, o ideal é começar pela série principal para compreender totalmente as referências e o pano de fundo dessas histórias.

Mas para os fãs... ah, para os fãs, é um prato cheio. Cada conto funciona como um presente, um conteúdo extra que permite passar mais tempo nesse mundo que tanto amamos. Se você sempre quis saber mais sobre aquela personagem secundária ou entender o que acontecia em outro lugar enquanto Bell enfrentava um andar da masmorra, chances são de que este livro tenha uma resposta.

Explorando os Contos em Destaque

Um dos aspectos mais interessantes deste volume é como ele alterna entre tons e estilos narrativos. Enquanto algumas histórias mantêm o humor característico da série — aquelas situações embaraçosas que tanto marcam as interações entre as famílias —, outras mergulham em territórios mais sombrios e introspectivos. Acho particularmente fascinante como Ōmori consegue equilibrar esses extremos sem que a leitura soe desconexa ou forçada.

Take, por exemplo, o conto que explora um dia na vida da Hestia Family quando Bell não está por perta. É uma daquelas histórias que parecem simples à primeira vista, mas que revelam camadas surpreendentes sobre a dinâmica do grupo. Você já parou para pensar como seria o dia a dia desses personagens quando o herói principal está ocupado em outra coisa? Pois é exatamente isso que temos aqui.

E não são apenas os personagens principais que ganham espaço. Figuras secundárias, como alguns membros de outras famílias ou até mesmo aventureros que mal aparecem na série principal, têm suas histórias contadas. Isso cria uma teia narrativa muito rica, dando a impressão de que Orário é uma cidade viva, onde coisas acontecem o tempo todo, independentemente do que Bell Cranel está fazendo.

Desenvolvimento de Mundo e Lore

O que mais me impressiona nesses spin-offs é como eles expandem o mundo de DanMachi de maneira orgânica. Em vez de simplesmente adicionar informações aleatórias, cada conto parece ser cuidadosamente planejado para preencher lacunas ou oferecer novos ângulos sobre eventos que já conhecíamos. É como se estivéssemos ganhando peças de um quebra-cabeça que não sabíamos que existia.

Um exemplo notável é a exploração de mitos menores que dão título à série. Essas lendas menores não são apenas histórias curiosas — elas frequentemente impactam diretamente a cultura de Orário, as relações entre as famílias e até mesmo a economia da cidade. Sabia que algumas dessas lendas influenciam até mesmo os preços dos itens no mercado? Pois é, detalhes como esse mostram o quanto o autor pensa no mundo que criou.

E falando em detalhes, as descrições dos diferentes distritos da cidade ganham vida própria neste volume. Enquanto a série principal tende a focar na masmorra e nos locais mais importantes, aqui temos a chance de explorar cantos menos conhecidos de Orário, cada um com sua própria atmosfera e peculiaridades. Já imaginou como deve ser o mercado noturno no distrito dos artesãos? Ou que tipo de conversas rolam nas tavernas mais afastadas do centro?

A Profundidade dos Personagens Secundários

O que realmente diferencia este volume é como ele humaniza personagens que, no enredo principal, muitas vezes funcionam como coadjuvantes ou até mesmo figuras decorativas. De repente, aquele aventureiro que aparecia em duas cenas ganha motivações, medos e aspirações — e isso muda completamente como percebemos o universo da série.

Tomemos o caso de um certo ferreiro que mal aparecia antes. Sem spoilers, mas sua história neste volume não só explica algumas de suas escolhas na série principal, como também adiciona camadas emocionais inesperadas a interações que já conhecíamos. É daquelas revelações que fazem você querer voltar e reler partes antigas com novos olhos.

E não são apenas os aventureros que ganham profundidade. Até mesmo os deuses, que às vezes podem parecer unidimensionais em sua busca por diversão, mostram nuances surpreendentes. A forma como eles lidam com suas responsabilidades — ou a falta delas — e como interagem entre longevidade divina e as paixões momentâneas humanas é simplesmente fascinante.

Aliás, você já parou para pensar como deve ser a perspectiva de um deus vivendo entre mortais? Esses contos exploram justamente isso — a estranha dinâmica de seres eternos presos em corpos mortais, limitados por regras que eles mesmos criaram, observando e às vezes se envolvendo demais nas vidas daqueles que deveriam apenas observar.

O Equilíbrio Entre Ação e Desenvolvimento

Um aspecto que merece elogio é como o volume mantém um bom equilíbrio entre cenas de ação e momentos de desenvolvimento de personagem. Sim, ainda temos nossas doses de combates na masmorra e confrontos emocionantes, mas são as cenas mais quietas — aquelas conversas em tavernas, os momentos de reflexão solitária, as interações cotidianas — que frequentemente roubam a cena.

É interessante notar como algumas das sequências mais memoráveis não envolvem espadas ou magia, mas sim diálogos carregados de subtexto emocional. A tensão entre dois personagens que dividem um passado complicado, a cumplicidade silenciosa entre membros de uma família, aqueles olhares que dizem mais que palavras — tudo isso está aqui, esperando para ser descoberto.

E quando a ação acontece, ela tende a ser mais pessoal e intimista do que os grandes confrontos da série principal. São batalhas menores, sim, mas não menos significativas. Cada luta, cada decisão em combate, revela algo importante sobre quem esses personagens são e no que se tornaram — ou no que temem se tornar.

Com informações do: Anime News Network