O clássico dos anos 90 ainda assusta ou já virou piada?
Freddie Prinze Jr., um dos protagonistas do filme Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado (1997), recentemente declarou que acredita que o público moderno provavelmente riria do filme se assistisse hoje. Como alguém que acabou de ver o longa pela primeira vez em 2024, tenho que discordar completamente.
Por que o filme ainda funciona
Assisti ao filme sem as lentes da nostalgia - algo raro para um clássico dos anos 90. E surpreendentemente, a atmosfera tensa e a construção de suspense ainda são eficazes. A trilha sonora arrepiante, os planos fechados nas facas e aquela famosa cena do gancho... Tudo isso continua dando arrepios.
É claro que alguns elementos datados saltam aos olhos:
Os celulares gigantescos (ou a falta deles em cenas cruciais)
Alguns diálogos que soam artificiais para os padrões atuais
O ritmo mais lento comparado aos filmes de terror modernos
Mas esses detalhes não chegam a transformar o filme em uma comédia involuntária. Pelo contrário - eles acrescentam charme ao terror slasher daquela época.
O que Freddie Prinze Jr. pode ter esquecido
O ator talvez esteja subestimando a capacidade do público atual de apreciar filmes de terror clássicos. Plataformas como Shudder e seções de "terror cult" nos streamings provam que há um mercado ávido por esse tipo de produção.
Além disso, Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado tem algo que muitos filmes atuais perderam: paciência para construir tensão. Enquanto produções contemporâneas muitas vezes apelam para jumpscares a cada 5 minutos, o filme de 1997 sabe dosear seu terror.
O legado do filme no gênero slasher
Mais do que um produto de sua época, Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado ajudou a moldar o gênero slasher como o conhecemos hoje. O filme trouxe elementos que se tornariam marcas registradas:
O assassino com uma assinatura visual marcante (o capuz de pescador e o gancho)
A revelação progressiva de um segredo mortal entre os protagonistas
A subversão da expectativa sobre quem seria o "final girl"
Curiosamente, enquanto Freddie Prinze Jr. acha que o filme envelheceu mal, muitos cineastas contemporâneos claramente se inspiram nele. Você pode ver ecos do longa em produções como Happy Death Day e até mesmo na recente onda de remakes de terror dos anos 90.
O que os fãs modernos estão dizendo?
Uma rápida pesquisa nas redes sociais revela que o filme tem um público fiel entre os mais jovens. No TikTok, o hashtag #ISKWYDLS acumula milhões de visualizações, com adolescentes discutindo as reviravoltas do plot e recriando cenas icônicas.
Alguns pontos que os novos fãs frequentemente destacam:
A performance de Sarah Michelle Gellar como a "bad girl" Helen Shivers
A atmosfera úmida e opressiva da cidade litorânea
O mistério bem construído que mantém o espectador tentando adivinhar
E aqui está algo interessante: muitos desses jovens espectadores descobriram o filme através de referências em séries como Stranger Things ou Euphoria, provando que o legado cultural do longa continua vivo.
Comparando com os slashers atuais
Quando colocamos Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado lado a lado com produções recentes do gênero, como os filmes da franquia Pânico ou X, as diferenças são evidentes - mas será que isso significa que o original é inferior?
Os slashers modernos tendem a ser mais autoconscientes e meta, cheios de referências à cultura pop e comentários sobre o próprio gênero. O filme de 1997, por outro lado, joga direto - é um terror genuíno que não tira sarro de si mesmo. E nessa sinceridade está parte de seu charme duradouro.
Outro aspecto que chama atenção é a construção dos personagens. Enquanto muitos filmes atuais do gênero investem pouco no desenvolvimento dos "alvos" do assassino, o longa dos anos 90 dedica tempo para nos fazer conhecer (e até gostar) de seu grupo principal antes que o terror comece de verdade.
Com informações do: Cinema Blend