Um western contemporâneo marcado pela tensão pandêmica
Após sua estreia no Festival de Cannes deste ano, a A24 divulgou o primeiro trailer completo de "Eddington", o novo filme do diretor Ari Aster. Ambientado em 2020, no auge do lockdown da COVID-19, o longa acompanha um xerife do Novo México (Joaquin Phoenix) cujas frustrações com o estado do mundo e as restrições pandêmicas o levam a concorrer contra o prefeito de sua pequena cidade (Pedro Pascal).
O conflito entre os dois homens só aumenta as tensões já existentes na cidade, ameaçando destruir os laços já frágeis entre seus moradores. O trailer, que culmina com Phoenix descarregando uma metralhadora nas ruas desertas, dá uma amostra do caos e violência que os espectadores podem esperar.
Um elenco estelar e uma narrativa polarizadora
Além de Phoenix e Pascal, "Eddington" conta com Deirdre O'Connell ("The Penguin"), Emma Stone e Austin Butler. Stone interpreta Louise, esposa do personagem de Phoenix, enquanto Butler vive Vernon, um influenciador de direita. Juntos, eles formam o elenco mais estrelado da carreira de Aster até agora.
Assim como "Beau is Afraid" (2023), "Eddington" promete ser um dos filmes mais divisivos do ano. Ele dividiu a crítica em Cannes e atualmente tem 65% no Rotten Tomatoes. Em sua crítica, Ben Croll do TheWrap descreveu o filme como "uma sátira social tão direta e ampla quanto a própria América".
As inspirações por trás do filme
No trailer, o personagem de Phoenix pede que todos libertem seus corações e reflitam sobre o custo de entrar em guerra com seus vizinhos, enquanto alimenta várias chamas sociais perigosas. Em Cannes, Aster revelou que escreveu "Eddington" quando se viu em um "estado de medo e ansiedade sobre o mundo" - sentimentos que transparecem claramente no material divulgado até agora.
"Eddington" chega aos cinemas em 18 de julho.
Uma mistura de gêneros que desafia categorizações fáceis
O que mais chama atenção em "Eddington" é como Ari Aster mistura elementos de western, thriller psicológico e sátira social em um único filme. As cenas do trailer mostram Phoenix vestindo um chapéu de cowboy enquanto dirige um carro moderno, simbolizando esse choque entre o velho e o novo Oeste. A fotografia de Darius Khondji, conhecido por seu trabalho em "Seven" e "Midnight in Paris", empresta um visual poético às paisagens áridas do Novo México, contrastando com a violência que explode em cena.
E não é apenas a estética que desafia expectativas. O roteiro parece brincar com arquétipos do western tradicional - o xerife, o forasteiro, a cidade pequena - só que transplantados para um contexto onde máscaras faciais e teorias da conspiração substituem duelos ao sol. Você consegue imaginar John Wayne discutindo sobre lockdowns?
O contexto político que alimenta a narrativa
O filme chega em um momento particularmente divisivo da política americana, com as eleições presidenciais se aproximando. Não por acaso, a escolha de ambientar a história em 2020 - ano que polarizou opiniões sobre saúde pública, liberdades individuais e o papel do governo - parece mais relevante do que nunca. O personagem de Austin Butler como um influenciador de direita adiciona outra camada à discussão, refletindo como as redes sociais amplificaram conflitos locais.
Em entrevista ao Variety, Aster comentou que queria explorar "como pequenas comunidades se tornaram campos de batalha para guerras culturais muito maiores". Essa abordagem lembra trabalhos anteriores do diretor, que sempre usou o horror como lente para examinar traumas sociais, mas aqui parece ter trocado o sobrenatural por algo ainda mais assustador - a realidade.
As performances que prometem roubar a cena
Joaquin Phoenix, sempre intenso, parece ter encontrado em "Eddington" um papel que combina sua capacidade de transmitir vulnerabilidade com explosões de violência. Já Pedro Pascal, em um papel surpreendente como político local, mostra um lado mais sombrio do que seu trabalho em "The Last of Us". Mas são as dinâmicas entre os personagens que realmente intrigam - particularmente a relação entre Phoenix e Emma Stone, que após "Poor Things" voltam a compartilhar a tela em um contexto completamente diferente.
Os primeiros relatos de Cannes sugerem que Austin Butler pode ser a revelação do filme. Seu personagem, Vernon, parece encapsular uma certa juventude americana radicalizada - um papel que poderia render discussões acaloradas sobre representação e responsabilidade artística. Será que "Eddington" conseguirá equilibrar todas essas performances poderosas sem perder o foco narrativo?
Com informações do: The Wrap