Filosofia de desenvolvimento da CD Projekt Red para The Witcher 4

Em recentes declarações, o diretor narrativo de The Witcher 4 (cujo codinome é "Polaris") compartilhou insights valiosos sobre a abordagem criativa da CD Projekt Red. A filosofia "faça rápido, faça sujo" (do original "do it fast, do it dirty") chama atenção por seu contraste com os longos ciclos de desenvolvimento que marcaram Cyberpunk 2077.

Mas o que exatamente isso significa? Segundo o diretor, trata-se de priorizar a essência criativa e a experimentação nas fases iniciais, sem se prender à perfeição técnica desde o início. "The Witcher 3 foi um sucesso porque focamos na narrativa e nos personagens primeiro", explicou.

O que tornou The Witcher 3 tão especial?

Analisando o fenômeno que foi o terceiro jogo da franquia, o diretor destacou três elementos cruciais:

  • Personagens profundos e moralmente ambíguos

  • Escolhas que realmente impactam o mundo do jogo

  • Uma narrativa que equilibra grandiosidade e intimidade

"Muitos jogos tentam copiar nossa fórmula, mas esquecem que não se trata apenas de tamanho ou quantidade de conteúdo", observou. "A qualidade das histórias secundárias em The Witcher 3 muitas vezes rivalizava com a campanha principal - e isso foi intencional."

Curiosamente, o diretor mencionou que algumas das melhores ideias do jogo surgiram justamente durante sessões de brainstorming mais "descontraídas", onde a equipe não tinha medo de propor conceitos incompletos ou até absurdos. Essa liberdade criativa parece ser o cerne da filosofia "faça rápido, faça sujo".

Lições aprendidas com Cyberpunk 2077

Ao discutir a nova abordagem, o diretor não evitou compará-la com os desafios enfrentados durante o desenvolvimento de Cyberpunk 2077. "Aprendemos da maneira difícil que perfeccionismo prematuro pode ser prejudicial", admitiu. "Com The Witcher 4, queremos manter a flexibilidade criativa por mais tempo."

Isso não significa, porém, que o estúdio esteja comprometendo a qualidade. Pelo contrário, a ideia é permitir que a equipe explore diferentes direções narrativas antes de se comprometer com sistemas complexos de implementação. "Muitas das mecânicas mais elogiadas em The Witcher 3 surgiram de protótipos simples e rápidos", revelou.

O equilíbrio entre liberdade criativa e disciplina

Embora a filosofia "faça rápido, faça sujo" possa sugerir uma abordagem caótica, o diretor foi enfático ao explicar que existe método nessa aparente loucura. "Temos checkpoints claros onde avaliamos o que funciona e o que não funciona", disse. "A diferença é que agora estamos fazendo essas avaliações com protótipos jogáveis, não com documentos de design de 100 páginas."

Esse método lembra práticas de desenvolvimento ágil, onde a iteração rápida permite identificar problemas cedo. Para narrativas complexas como as da franquia The Witcher, essa abordagem pode ser especialmente valiosa. Afinal, como o diretor colocou: "É mais fácil reescrever um diálogo quando ele ainda está em um quadro branco do que quando já foi totalmente dublado e animado."

Um exemplo concreto dessa filosofia em ação? O desenvolvimento das missões secundárias. "Em The Witcher 3, tínhamos uma regra: toda missão precisava ter pelo menos uma reviravolta inesperada", compartilhou o diretor. "Mas descobrimos que algumas das melhores reviravoltas surgiam quando permitíamos que os designers narrativos experimentassem livremente, sem se preocupar inicialmente com como tudo se encaixaria."

Expectativas dos fãs e inovação

Com uma franquia tão amada como The Witcher, como a equipe balanceia as expectativas dos fãs com o desejo de inovar? "Esse é o nosso maior desafio", admitiu o diretor. "Sabemos que os jogadores esperam certos elementos - a profundidade dos personagens, a complexidade moral das escolhas. Mas também não queremos simplesmente refazer The Witcher 3 com gráficos melhores."

Uma área onde isso fica particularmente evidente é na evolução do protagonista. Enquanto Geralt de Rívia era um personagem já estabelecido nos livros, o próximo jogo provavelmente apresentará um novo protagonista. "Isso nos dá liberdade para explorar novas dinâmicas, mas também significa que precisamos construir a conexão emocional com os jogadores desde o zero", explicou.

E quanto ao mundo do jogo? Embora o diretor tenha evitado dar detalhes concretos, ele sugeriu que a equipe está explorando maneiras de tornar o mundo ainda mais reativo às escolhas do jogador. "Em The Witcher 3, as consequências muitas vezes se manifestavam em diferentes diálogos ou cenas. Queremos levar isso adiante, talvez até afetando a geografia do mundo de maneiras significativas."

Com informações do: PC Gamer