O tão aguardado Silksong, sequência do aclamado Hollow Knight, continua sendo um mistério para os fãs que esperam ansiosamente por novidades. Em uma rara declaração, os desenvolvedores da Team Cherry finalmente abordaram os motivos por trás do extenso período de desenvolvimento do jogo.

O desafio da perfeição artística

Um dos principais fatores que contribuíram para a demora foi a busca incessante pela excelência artística. Um dos desenvolvedores chegou a brincar: "Se eu não parar de desenhar, isso vai levar 15 anos para terminar". Essa afirmação revela muito sobre a filosofia de trabalho do estúdio - eles preferem dedicar o tempo necessário para criar algo excepcional rather than entregar um produto apressado.

E não é difícil entender essa mentalidade quando lembramos da qualidade visual de Hollow Knight. Cada frame, cada animação, cada detalhe do mundo de Hallownest foi meticulosamente craftado. Para a sequência, a ambição parece ser ainda maior, o que naturalmente demanda mais tempo.

Expansão do escopo original

O que começou como uma expansão DLC rapidamente evoluiu para um projeto standalone completo. Silksong promete ser significativamente maior que seu predecessor, com mais de 165 inimigos únicos (contra aproximadamente 100 no primeiro jogo) e um mundo mais vasto para explorar.

Hornet, a protagonista, traz mecânicas de jogo completamente novas que exigiram desenvolvimento desde o zero. Sua agilidade e estilo de combate diferem radicalmente do Cavaleiro, necessitando de redesign completo dos sistemas de movimento e combate.

O peso das expectativas

O sucesso surpreendente de Hollow Knight - que vendeu milhões de cópias apesar de ser desenvolvido por uma equipe minúscula - criou expectativas enormes para a sequência. A Team Cherry sente a responsabilidade de não apenas atender, mas superar as expectativas da comunidade.

Muitos fãs se perguntam: vale a pena esperar tanto tempo? Na indústria dos games, onde títulos são frequentemente lançados com bugs e conteúdo incompleto, a abordagem cuidadosa da Team Cherry é tanto admirável quanto frustrante para quem aguarda ansiosamente.

O silêncio prolongado sobre o progresso do desenvolvimento apenas alimenta a curiosidade e a especulação. Mas talvez essa seja exatamente a estratégia - surpreender todos quando finalmente estiver pronto, sem pressões externas ditando prazos artificiais.

Os desafios de uma equipe pequena

Quando você considera que a Team Cherry consiste em apenas três desenvolvedores principais - Ari Gibson, William Pellen e Jack Vine - o tempo de desenvolvimento começa a fazer mais sentido. Enquanto estúdios triple-A têm centenas de funcionários trabalhando simultaneamente, cada membro da Team Cherry precisa vestir múltiplos chapéus. Programação, design, arte, animação, composição musical - tudo é dividido entre esse trio talentoso.

E isso sem contar os desafios logísticos. Durante a pandemia, como muitos desenvolvedores, eles tiveram que adaptar seu fluxo de trabalho para o modo remoto. Coordenar um projeto tão ambicioso com uma equipe tão pequena já é difícil pessoalmente, imagine através de chamadas de vídeo e mensagens de texto.

Às vezes me pergunto: será que eles consideraram expandir a equipe? Trazer mais talentos poderia acelerar o processo, mas também arriscaria diluir a visão artística coesa que fez Hollow Knight ser tão especial. É um dilema que muitos estúdios independentes enfrentam quando alcançam o sucesso inesperado.

O paradoxo da comunicação com os fãs

Outro aspecto interessante é como a Team Cherry lida com a comunicação. Eles são notoriamente reservados, o que tanto frustra quanto encanta a comunidade. Por um lado, os fãs desejam desesperadamente qualquer migalha de informação. Por outro, há algo admirável em seu compromisso com o "radio silêncio" até terem algo substancial para mostrar.

Lembro-me de quando Hollow Knight estava em desenvolvimento - a comunicação era igualmente esparsa. Mas quando finalmente saiu, todos concordamos que valeu a espera. Será que estamos testemunhando o mesmo padrão com Silksong?

As redes sociais criaram uma expectativa por atualizações constantes, mas isso nem sempre beneficia o processo criativo. Desenvolvedores frequentemente se sentem pressionados a compartilhar progresso prematuro, apenas para ter que redesignar sistemas mais tarde quando percebem que não funcionam como esperado. A abordagem da Team Cherry evita essa armadilha, mas ao custo de deixar os fãs no escuro.

Inovação técnica e desafios de engine

Há também considerações técnicas que podem estar contribuindo para o desenvolvimento prolongado. Hollow Knight foi construído no Unity, e embora a engine seja flexível, adaptá-la para as ambições expandidas de Silksong pode estar apresentando desafios únicos.

As novas mecânicas de movimento de Hornet - incluindo sua capacidade de teletransporte e criação de plataformas de seda - provavelmente exigem reprogramação significativa da física do jogo. E isso sem mencionar a inteligência artificial dos inimigos, que promete ser mais complexa e variada que no primeiro jogo.

Quando você para para pensar, não é apenas sobre adicionar mais conteúdo, mas sobre garantir que todos os sistemas interajam perfeitamente. Um novo poder pode quebrar dezenas de mecânicas existentes, exigindo retrabalho meticuloso. É como uma complexa teia onde puxar um fio pode desfazer toda a estrutura.

E vamos falar sobre otimização? Hollow Knight rodava surpreendentemente bem em todas as plataformas, considerando sua riqueza visual. Com Silksong sendo ainda mais ambicioso visualmente, garantir performance estável across Switch, PC e possivelmente outras plataformas deve ser um desafio considerável para uma equipe tão pequena.

A música é outra frente de trabalho intenso. Christopher Larkin, compositor de Hollow Knight, está criando uma trilha sonora completamente nova para Silksong. E considerando como a música do primeiro jogo foi integral para sua atmosfera, é compreensível que isso também leve tempo significativo.

Com informações do: kotaku