Cosméticos de Mass Effect chegam ao Battlefield 2042 após cortes na equipe
Em uma decisão que está causando desconforto entre parte da comunidade gamer, a Electronic Arts anunciou a chegada de itens cosméticos de Mass Effect no Battlefield 2042. A novidade chega meses após a EA realizar demissões em massa na Ripple Effect, estúdio responsável pelo desenvolvimento do jogo.
O pacote de cosméticos inclui skins inspiradas em personagens icônicos da franquia de RPG espacial da BioWare, como:
Traje N7 para operadores
Decalques de veículos com temática da Normandy
Armas com texturas inspiradas no universo Mass Effect
Timing questionável gera críticas
O que poderia ser uma celebração para fãs de ambas as franquias acabou sendo recebido com ceticismo por muitos jogadores. O timing da colaboração - meses após a EA reduzir significativamente a equipe da Ripple Effect - levantou questões sobre as prioridades da empresa.
"É difícil ficar animado com skins quando sabemos que pessoas talentosas perderam seus empregos", comentou um usuário no Reddit. Outros apontaram para a ironia de usar uma IP querida como Mass Effect para impulsionar as vendas de um jogo que ainda tenta recuperar sua reputação após um lançamento problemático.
O legado de Mass Effect na indústria
Mass Effect permanece como uma das franquias mais amadas da BioWare, mesmo após os altos e baixos da série. A trilogia original é frequentemente citada como referência em narrativa e construção de mundo nos games. Mas será que esse tipo de crossover comercial faz justiça ao legado da série?
Alguns fãs argumentam que colaborações como esta podem ajudar a manter a IP relevante, especialmente considerando que um novo jogo Mass Effect está em desenvolvimento. Outros, porém, veem a medida como mais um exemplo da EA capitalizando em cima de franquias consagradas sem necessariamente investir no que fez essas IPs serem especiais em primeiro lugar.
Impacto nas comunidades de fãs
A reação dividida entre os fãs reflete um dilema maior na indústria de games: até que ponto as colaborações entre franquias são benéficas para as comunidades existentes? Enquanto alguns jogadores de Battlefield 2042 comemoram a chance de personalizar seus operadores com elementos de Mass Effect, os fãs hardcore da série da BioWare parecem especialmente descontentes.
Fóruns dedicados a Mass Effect estão repletos de discussões sobre como essa movimentação pode afetar a percepção da franquia. "Mass Effect merece mais do que virar um pacote de skins em um jogo que não tem nada a ver com sua essência", escreveu um usuário no ResetEra. Outros apontam que, se o objetivo era realmente homenagear a série, poderiam ter criado conteúdo mais substancial, como uma missão especial ou até mesmo um modo de jogo temporário.
O precedente perigoso das colaborações
Esta não é a primeira vez que a EA utiliza cosméticos de franquias consagradas em jogos de sucesso variável. Em 2021, a empresa introduziu skins de Dead Space no Battlefield 2042, numa tentativa similar de atrair jogadores. O padrão preocupa alguns analistas da indústria, que veem nessas ações um possível desvio de foco do desenvolvimento de conteúdo original.
O que torna esse caso particularmente delicado é o timing. Com a BioWare trabalhando no próximo capítulo de Mass Effect - que muitos esperam seja um retorno à forma após o polêmico Andromeda - há quem tema que a EA esteja diluindo a marca com essas colaborações superficiais. Será que os fãs vão conseguir separar essas iniciativas comerciais da experiência narrativa profunda que esperam do próximo jogo?
Vale lembrar que não é incomum na indústria ver franquias sendo "emprestadas" para outros jogos. Fortnite, por exemplo, já incorporou personagens de praticamente todas as grandes IPs. Mas há uma diferença crucial: esses crossovers geralmente acontecem em um contexto de celebração mútua, não como aparente tentativa de revitalizar um jogo com problemas.
O futuro das IPs sob a EA
O caso levanta questões importantes sobre como a Electronic Arts vem gerenciando seu portfólio de franquias. Nos últimos anos, vimos a empresa alternar entre tentativas de reviver IPs clássicas (como Command & Conquer) e deixar outras praticamente adormecidas (como Mirror's Edge).
Mass Effect ocupa um lugar peculiar nesse espectro. Por um lado, sabemos que um novo jogo está em desenvolvimento. Por outro, iniciativas como essa colaboração com Battlefield podem sugerir que a EA vê a franquia mais como um ativo comercial do que como um universo narrativo a ser cultivado. É uma percepção que, se consolidada, pode afastar justamente os fãs mais dedicados - aqueles que sustentam a franquia há quase duas décadas.
Enquanto isso, os desenvolvedores remanescentes na Ripple Effect enfrentam o desafio de manter Battlefield 2042 relevante com recursos reduzidos. A ironia não passa despercebida: o mesmo estúdio que perdeu parte de sua equipe agora precisa implementar conteúdo de outra franquia da EA - uma franquia que, vale lembrar, também já sofreu com cortes e reorganizações internas nos últimos anos.
Com informações do: kotaku