Medidas aprovadas para facilitar produções em LA
O Conselho de Supervisores do Condado de Los Angeles aprovou por unanimidade nesta terça-feira uma série de medidas para agilizar o processo de permissão para produções locais de cinema e televisão. As propostas incluem desde a simplificação de processos burocráticos até a criação de um fundo para startups de tecnologia cinematográfica.
Muitas dessas medidas, apresentadas pelas supervisoras Kathryn Barger e Lindsey Horvath, espelham ações já em curso na cidade de Los Angeles. O Conselho Municipal aprovou proposta semelhante em abril, enquanto a prefeita Karen Bass formou um grupo de trabalho para tornar a cidade mais atrativa para produções, competindo com locais como Nova York, Chicago e Atlanta.
O que muda para a indústria do entretenimento
Entre as principais mudanças estão:
Revisão dos processos de emissão de permissões
Agilização na aprovação de policiais do xerife para sets de filmagem
Esclarecimento sobre quando produções precisam incluir consultores de segurança contra incêndio
O plano mais ambicioso prevê a criação de um fundo permanente entre US$ 80 e US$ 100 milhões para apoiar startups de tecnologia voltadas para a indústria do entretenimento. O Departamento de Artes e Cultura também foi encarregado de desenvolver um centro de produção tecnológica para treinamento profissional.
Contexto estadual e impactos econômicos
Essas medidas fazem parte de um esforço maior para manter a Califórnia como polo da indústria do entretenimento. Em junho, o governador Gavin Newsom sancionou a expansão do Programa de Crédito Fiscal para Cinema e TV, aumentando a taxa base de 20% para 35% e elevando o limite por produção para US$ 120 milhões.
Com produções migrando para outros estados e países que oferecem incentivos fiscais ou custos mais baixos, autoridades locais buscam formas criativas de manter empregos e movimentar a economia. Será que essas medidas serão suficientes para trazer de volta os grandes estúdios?
Desafios e oportunidades para pequenas produções
Enquanto as grandes produções têm recursos para navegar por processos burocráticos complexos, cineastas independentes e pequenas produtoras frequentemente enfrentam barreiras intransponíveis. As novas medidas incluem provisões específicas para esse segmento, como:
Taxas reduzidas para produções com orçamentos abaixo de US$ 500 mil
Processo simplificado para filmagens em locações públicas por até 2 dias
Programa piloto de orientação para produtores iniciantes
"Muitos dos nossos alunos formam pequenas produtoras após a graduação, mas desistem por causa da complexidade dos trâmites", comenta Mariana Torres, professora da USC School of Cinematic Arts. "Essas mudanças podem ser a diferença entre abandonar o sonho e conseguir a primeira chance."
Tecnologia como aliada da indústria
O fundo para startups cinematográficas pretende fomentar inovações que vão desde inteligência artificial aplicada à pós-produção até soluções logísticas para filmagens em locação. Algumas áreas prioritárias incluem:
Ferramentas de pré-visualização em realidade virtual
Sistemas de gestão de permissões integrados
Tecnologias sustentáveis para reduzir o impacto ambiental das produções
Curiosamente, a medida surge num momento em que a própria indústria debate o papel da IA. Será que esses recursos serão usados para substituir profissionais ou para ampliar suas capacidades criativas?
Reações da comunidade local
Nem todos estão satisfeitos com as mudanças. Moradores de bairros frequentemente usados como locação expressaram preocupação com possíveis abusos. "Já tivemos problemas com produções que ultrapassam horários combinados ou deixam lixo nas ruas", relata Carlos Méndez, presidente da associação de bairro em Silver Lake.
Em resposta, as supervisoras incluíram medidas de fiscalização mais rígidas, incluindo um sistema de avaliação pública das produções e penalidades mais severas para infrações. Mas será suficiente para equilibrar os interesses da indústria com a qualidade de vida dos residentes?
Enquanto isso, sindicatos de trabalhadores do entretenimento veem as medidas com cautela. "Acelerar processos é bom, mas não pode significar relaxamento nas normas trabalhistas ou de segurança", alerta Luisa González, representante do IATSE Local 80.
Com informações do: The Wrap