Um fã que havia se afastado dos animes encontra nova paixão

Depois de anos distante do universo dos animes, encontrei em Lazarus, a nova série de Shinichirō Watanabe na Max, um motivo para voltar a me encantar por essa forma de arte. A produção, que mistura elementos de ficção científica com a assinatura visual única do criador de Cowboy Bebop e Samurai Champloo, parece ter sido feita sob medida para quem, como eu, precisava de algo especial para reacender aquela chama.

O que torna Lazarus tão cativante?

A primeira coisa que salta aos olhos é a direção de arte. Watanabe sempre teve um talento especial para criar mundos visuais ricos e atmosféricos, e aqui não é diferente. A paleta de cores, os designs de personagens e a fluidez das animações criam uma experiência quase hipnótica.

Axel Gilberto in Lazarus

(Image credit: TXN / Adult Swim)

Mas não é só sobre estética. A narrativa, que envolve uma misteriosa organização farmacêutica e uma droga que promete eliminar o medo da morte, traz aquela mistura característica de Watanabe entre gêneros - um pouco de thriller, um toque de western, pitadas de cyberpunk.

Por que essa série ressoa com fãs que se afastaram dos animes

Como alguém que acompanhava avidamente lançamentos na década de 2000 mas depois perdeu o ritmo, percebo alguns fatores que fazem de Lazarus uma ponte perfeita para o retorno:

  • O ritmo narrativo, mais próximo do que estávamos acostumados nos animes clássicos

  • A trilha sonora marcante (nada menos que o que esperaríamos do criador de Cowboy Bebop)

  • Personagens complexos que fogem dos arquétipos mais comuns atualmente

  • Uma história auto-contida, sem a necessidade de conhecer dezenas de episódios anteriores

E você? Também sentiu que havia se distanciado dos animes nos últimos anos? Lazarus pode ser justamente o convite que faltava para voltar a explorar esse universo.

A trilha sonora como personagem central

Assim como em seus trabalhos anteriores, Watanabe transforma a música em um elemento narrativo por si só. Em Lazarus, a colaboração com o músico [NOME DO ARTISTA] cria uma atmosfera sonora que oscila entre o jazz experimental e sons eletrônicos futuristas. Há momentos em que as cenas parecem dançar ao ritmo da trilha, criando sequências que ficam gravadas na memória muito depois que os créditos rolam.

Lembro de uma cena em particular, no terceiro episódio, onde o protagonista atravessa um mercado noturno enquanto a câmera desliza suavemente entre os corredores. A combinação da animação fluida com a música que vai aumentando gradualmente em intensidade é puro Watanabe - aquela assinatura que fez tantos de nós nos apaixonarmos por Cowboy Bebop anos atrás.

O equilíbrio entre nostalgia e inovação

O que mais me impressiona é como Lazarus consegue evocar aquela sensação familiar dos animes que marcaram minha juventude, ao mesmo tempo em que traz elementos visuais e temáticos completamente novos. Os designs de personagens, por exemplo, mantêm certas características clássicas, mas com detalhes modernos que refletem avanços na indústria de animação.

A série também aborda questões contemporâneas de forma sutil. A trama envolvendo corporações farmacêuticas e o controle sobre a saúde humana parece especialmente relevante em nossa era pós-pandemia. Não é um paralelo óbvio ou forçado, mas sim aquela reflexão orgânica que os melhores trabalhos de ficção científica sempre proporcionaram.

Comparações inevitáveis com obras anteriores

É impossível assistir Lazarus sem notar ecos de Cowboy Bebop e Samurai Champloo, mas a série se diferencia o suficiente para justificar sua existência. Enquanto aquelas obras eram profundamente enraizadas em seus respectivos gêneros (noir espacial e chanbara moderno), esta nova produção parece mais interessada em fundir influências diversas em algo genuinamente novo.

O protagonista, por exemplo, tem aquela aura de anti-herói cansado do mundo que Spike Spiegel personificava tão bem, mas sua motivação e backstory são distintas o suficiente para evitar sensação de reprise. E os elementos de cyberpunk, embora presentes, são mais sutis e integrados ao mundo da história do que em muitas outras obras do gênero.

O impacto na indústria atual de animes

Assistindo Lazarus, não pude deixar de pensar em como a paisagem dos animes mudou desde os dias de Cowboy Bebop. A produção atual parece beneficiar-se tanto dos avanços tecnológicos quanto de uma certa maturidade que Watanabe adquiriu ao longo dos anos. As sequências de ação são mais dinâmicas, os cenários mais detalhados, mas sem perder aquela essência "feita à mão" que define seu estilo.

Curiosamente, a série também me fez perceber como muitos animes contemporâneos se afastaram daquela abordagem mais contida e atmosférica que marcou obras clássicas. Lazarus parece um lembrete de que ainda há espaço para narrativas que respiram, que permitem que os personagens e o mundo simplesmente existam por um momento, sem a necessidade constante de ação frenética ou explicações excessivas.

Com informações do: Cinema Blend