Razer explica sua preferência por teclados ópticos

Enquanto o mercado de periféricos para jogos parece estar se movendo em direção à tecnologia Hall Effect para teclados, a Razer continua nadando contra a corrente. Em entrevista exclusiva à PC Gamer, a fabricante revelou porque mantém sua aposta nos switches ópticos para seus produtos premium.

Dexter Tan, gerente de produto da Razer, foi direto ao ponto: "Ímãs são um pouco voláteis e difíceis de controlar". Essa declaração resume a posição da empresa sobre os teclados com tecnologia Hall Effect, que usam campos magnéticos para registrar pressionamentos de teclas.

Comparativo entre teclados ópticos e Hall Effect da Razer

Foto: Divulgação/Razer

Vantagens dos switches ópticos

A Razer argumenta que seu sistema óptico oferece maior consistência e precisão. A tecnologia funciona interrompendo um feixe de luz quando a tecla é pressionada - quanto mais forte o pressionamento, maior a interrupção. Parece simples, mas a empresa garante que esse método proporciona:

  • Maior controle sobre a sensibilidade individual de cada switch

  • Menor latência na resposta

  • Menor influência de fatores ambientais

  • Curva de responsividade mais estável

Detalhe dos switches ópticos da Razer

Foto: Divulgação/Razer

Nos testes internos da empresa, os gráficos mostram que os switches ópticos mantêm uma performance mais consistente, especialmente em diferentes níveis de pressão e distâncias de ativação. Mas será que essa diferença é realmente perceptível para o jogador comum?

O outro lado da moeda

A própria Razer admite que nem todos os usuários conseguem distinguir entre as duas tecnologias na prática. Além disso, os teclados ópticos consomem mais energia - um detalhe relevante para modelos sem fio, embora o impacto seja comparável a manter a iluminação RGB no máximo.

Enquanto isso, concorrentes como a Raijintek continuam investindo pesado na tecnologia Hall Effect, prometendo durabilidade extrema e personalização avançada. Quem está certo nessa disputa tecnológica?

Fontes: PC Gamer, Razer

O debate técnico por trás das tecnologias

Para entender melhor essa divergência no mercado, precisamos analisar os princípios físicos por trás de cada tecnologia. Os switches ópticos dependem da interrupção de luz, um fenômeno que pode ser medido com extrema precisão. Já os switches Hall Effect baseiam-se na variação do campo magnético - e como Tan mencionou, ímãs podem ser afetados por diversos fatores externos.

Engenheiros da Razer explicam que, em ambientes com múltiplos dispositivos eletrônicos ou até mesmo em locais com variações de temperatura mais acentuadas, os switches magnéticos podem apresentar pequenas inconsistências. "Não estamos dizendo que a tecnologia Hall Effect é ruim", esclarece um dos desenvolvedores que preferiu não se identificar. "Mas para os padrões de precisão que buscamos, o sistema óptico oferece menos variáveis fora do nosso controle".

O fator personalização

Um dos principais argumentos dos defensores do Hall Effect é a capacidade de ajustar o ponto de ativação das teclas via software. A Razer, no entanto, afirma que seus switches ópticos também permitem personalização avançada, embora de forma diferente.

  • Perfis de sensibilidade pré-configurados para diferentes tipos de jogos

  • Ajuste da distância de ativação em incrementos de 0,1mm

  • Calibração individual para cada tecla

  • Opções de resposta dinâmica baseada na velocidade de pressionamento

"Muitos usuários não percebem que podem ajustar muito mais do que apenas o RGB", comenta um representante da marca. A questão que fica é: quantos jogadores realmente utilizam esses recursos avançados no dia a dia?

Durabilidade em questão

Outro ponto de discórdia é a vida útil dos switches. Enquanto fabricantes de teclados Hall Effect prometem até 100 milhões de pressionamentos, a Razer mantém seus 70 milhões para os switches ópticos. A diferença parece grande no papel, mas na prática:

Considerando um uso intensivo de 8 horas diárias com cerca de 10.000 pressionamentos por hora (um número bastante alto), um switch de 70 milhões duraria aproximadamente 2,4 anos. Já um de 100 milhões chegaria a 3,4 anos. Mas será que alguém mantém o mesmo teclado por tanto tempo?

Curiosamente, a Logitech parece estar adotando uma abordagem híbrida em seus modelos mais recentes, combinando elementos ópticos e magnéticos. Será esse o futuro do mercado?

O impacto no preço

Analisando os preços de mercado, os teclados com tecnologia Hall Effect geralmente custam entre 20% e 30% a mais que modelos ópticos equivalentes. Parte desse custo adicional vem dos componentes magnéticos e dos circuitos mais complexos necessários para medir com precisão as variações do campo magnético.

Por outro lado, os teclados ópticos da Razer não são exatamente baratos. Seu modelo flagship, o Huntsman V3 Pro, chega a custar mais que muitos concorrentes com Hall Effect. Isso levanta questões sobre se a diferença de preço reflete apenas a tecnologia ou também o valor da marca.

Com a SteelSeries entrando no mercado de switches magnéticos e prometendo preços mais competitivos, como ficará o posicionamento da Razer nos próximos meses?

Com informações do: Adrenaline