O Dilema das Telas de Carregamento nos RPGs da Bethesda
Os jogos da Bethesda Game Studios, como a série The Elder Scrolls e Fallout, são celebrados por seus mundos abertos imersivos e liberdade de exploração. No entanto, um aspecto frequentemente criticado por jogadores é a presença recorrente de telas de carregamento entre áreas. Bruce Nesmith, ex-desenvolvedor sênior da Bethesda, recentemente esclareceu os desafios técnicos por trás dessa escolha de design aparentemente arcaica.
Por Que os Jogos da Bethesda Não Eliminam Telas de Carregamento?
Em entrevista recente, Nesmith explicou que as limitações não derivam de preguiça ou resistência à inovação, mas sim da complexidade estrutural única dos jogos da empresa:
Densidade de detalhes: Mundos com física interativa, milhares de itens persistentes e NPCs com rotinas complexas exigem processamento massivo
Arquitetura de células: A engine Creation Engine divide o mundo em "células" independentes para gerenciar dados - transições entre elas requerem recarregamento
Limitações de hardware: Mesmo em consoles modernos, a memória RAM não suportaria manter todas as zonas do jogo carregadas simultaneamente
Alternativas Técnicas e Seus Problemas
Nesmith destacou que soluções como streaming contínuo de assets, usadas em jogos como The Witcher 3, apresentam desafios específicos para os RPGs da Bethesda:
Risco aumentado de bugs quando objetos persistentes são gerenciados dinamicamente
Queda de performance quando o sistema tenta carregar novos assets durante a jogatina
Dificuldade em manter a coerência física do mundo quando áreas adjacentes estão ativas
"O carregamento por streaming funciona bem em mundos menos interativos," explicou Nesmith. "Mas quando cada objeto pode ser movido, coletado ou alterado pelo jogador, a abordagem tradicional acaba sendo mais estável."
Evolução Técnica e Perspectivas para The Elder Scrolls 6
Apesar das críticas, a Bethesda vem reduzindo gradualmente as telas de carregamento:
Skyrim (2011) eliminou telas de carregamento entre cidades e wilderness
Fallout 4 (2015) implementou carregamentos mais rápidos entre células internas
Starfield (2023) manteve telas para transições planeta-espaço, mas otimizou carregamentos em superfícies planetárias
Especialistas acreditam que The Elder Scrolls 6 pode adotar uma abordagem híbrida, combinando técnicas de streaming com carregamentos tradicionais. A Microsoft, nova proprietária da Bethesda, está investindo em tecnologias como DirectStorage para acelerar carregamentos em plataformas Xbox.
Conclusão: Um Compromisso Necessário
Enquanto jogadores esperam mundos perfeitamente contínuos, a realidade técnica impõe limites. Como Nesmith concluiu: "Priorizamos a estabilidade e a riqueza interativa do mundo acima da fluidez absoluta. É uma escolha consciente que define nossa identidade." Para desenvolvedores interessados em arquitetura de jogos, a GDC Vault oferece palestras técnicas aprofundadas sobre o tema.
Com informações do: Game Vicio