Da sala de roteiristas para as câmeras
Aos 27 anos, Wally Baram já acumula experiência em algumas das séries mais populares do streaming, como "What We Do in the Shadows" e "Shrinking". Mas foi em "Overcompensating", comédia universitária de Benito Skinner na Prime Video, que ela teve sua primeira oportunidade diante das câmeras - um momento que transformou sua autoimagem.
"Para ser honesta, eu sempre quis atuar, e foi meio que por isso que entrei nessa indústria", confessou Baram em entrevista. "Mas nunca imaginei que alguém pudesse querer me ver ou ver como eu faço as coisas na tela."

(Credit: Amazon Studios)
O desafio de se tornar Carmen
Interpretar Carmen, uma caloura universitária lidando com o luto e a dificuldade de se enturmar, exigiu que Baram fizesse uma distinção clara entre sua personalidade e a do personagem. "Tive que estar muito consciente de quem é Wally e de como somos pessoas diferentes", explicou. "Quando tenho sentimentos profundos, não demonstro muito. Fico muito interna."
A atriz iniciante trabalhou com um coach de atuação para aprimorar suas habilidades e encontrar momentos onde poderia inserir alguns de seus próprios maneirismos. O resultado? Uma performance que conquistou o público e lhe deu um presente inesperado: "Tem sido uma experiência incrível para minha autoestima - tanto me ver fazendo o trabalho e pensar 'Uau, eu consigo fazer isso', quanto receber feedback positivo."
Química em cena e fora dela
A dinâmica entre Carmen e sua excêntrica colega de quarto, interpretada por Holmes, se tornou um dos destaques da série. Baram descreve a relação das atrizes fora das câmeras com igual entusiasmo: "Nosso relacionamento é de aceitação total das excentricidades uma da outra. Temos um contraste profundo, mas também uma certa sinergia."

(Credit: Amazon Studios)
Enquanto aguarda notícias sobre uma possível segunda temporada, Baram especula sobre o futuro de Carmen após o cliffhanger do final da primeira temporada. "O roteiro clássico de TV exigiria algum gesto grandioso para resolver as coisas", pondera. "Mas acho que vamos manter a fidelidade aos relacionamentos, então provavelmente haverá alguma tensão enquanto reconquistam a confiança."
A série já conquistou fãs dedicados, embora Baram admita não ser muito ativa online. Suas interações com fãs acontecem principalmente no mundo real - "muitos caras gays gritando 'Diva!' do outro lado da rua", brinca.
O processo criativo por trás da personagem
Baram revela que a construção de Carmen foi um processo colaborativo com o criador da série, Benito Skinner. "Ele tinha uma visão muito clara, mas também estava aberto a sugestões", conta. "Lembro de uma cena em que Carmen está tentando impressionar um grupo de estudantes e acaba sendo muito esquisita. Originalmente, o roteiro pedia algo mais contido, mas eu sugeri que ela poderia tentar fingir que sabia tocar violão - horrivelmente mal."
A improvisação acabou sendo incorporada ao episódio, mostrando a química entre o elenco e a equipe criativa. "Havia um ambiente de muita liberdade para experimentar", diz Baram. "Nos takes alternativos, eu às vezes levava a esquisitice da Carmen para direções completamente diferentes, só para ver o que funcionava."
Os desafios de uma estreante
A transição de roteirista para atriz não foi sem seus obstáculos. Baram admite que inicialmente lutou com a autoconsciência: "Quando você está escrevendo, está protegido atrás das palavras. Atuar te expõe de uma maneira completamente diferente - seu corpo, sua voz, suas expressões faciais estão todos lá, nus e crus."
Ela descreve um episódio particularmente desafiador onde Carmen tem um colapso emocional: "Foi a primeira vez que precisei chorar no set. Estava tão nervosa que quase congelei. Mas então o diretor me lembrou que a Carmen também estaria se sentindo desconfortável naquela situação, e de repente minha ansiedade se tornou parte da personagem."
Entre a comédia e o drama
O que torna Carmen particularmente cativante, segundo Baram, é o equilíbrio entre humor e vulnerabilidade. "Ela é essa pessoa que tenta tanto ser legal que acaba sendo estranha, mas há uma dor genuína por trás disso", explica. "Como atriz, o desafio era não deixá-la virar uma caricatura - mesmo nas cenas mais absurdas, eu precisava lembrar que ela é uma pessoa real."
Baram cita uma cena onde Carmen tenta se enturmar com um grupo popular usando referências ultrapassadas: "Tinha que ser engraçado, mas também um pouco triste. Você ri dela, mas também se identifica com aquela tentativa desesperada de se encaixar que todos nós já tivemos em algum momento."
Olhando para o futuro
Enquanto a possibilidade de uma segunda temporada ainda está no ar, Baram já começa a pensar em outros projetos de atuação. "Adoraria fazer algo completamente diferente - talvez um drama histórico ou até um thriller", especula. "Mas também estou trabalhando em alguns projetos próprios onde posso combinar escrita e atuação."
Ela reflete sobre como sua experiência como roteirista influencia sua abordagem à atuação: "Conhecer os dois lados do processo me dá uma perspectiva única. Quando estou atuando, entendo porque certas escolhas são feitas no roteiro. E quando estou escrevendo, penso em como os atores vão interpretar aquelas palavras."
Apesar do sucesso inicial, Baram mantém os pés no chão: "Ainda me sinto como uma impostora às vezes. Tem dias que chego no set e penso 'O que eu estou fazendo aqui?'. Mas então lembro que todo mundo está apenas tentando fazer seu melhor trabalho, e isso me acalma."
Com informações do: The Wrap