Ator se mantém distante das controvérsias sobre declarações da autora
Tom Felton, conhecido por interpretar Draco Malfoy na saga Harry Potter, revelou recentemente que as opiniões controversas de J.K. Rowling sobre questões transgênero não afetaram sua decisão de retornar ao universo mágico no palco. O ator está preparando seu retorno ao West End londrino na peça 2:22 A Ghost Story.
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Crédito: Manuel Harlan
Em entrevista ao The Times, Felton admitiu que está "não muito sintonizado" com as declarações frequentes da autora nas redes sociais, muitas vezes consideradas transfóbicas por grupos de direitos LGBTQ+. "Minha experiência com aquela família sempre foi incrivelmente positiva", afirmou o ator, referindo-se ao elenco e equipe dos filmes.
O legado de Harry Potter além das polêmicas
A franquia Harry Potter continua sendo um fenômeno cultural duas décadas após o lançamento do primeiro filme. No entanto, as opiniões de Rowling sobre questões de gênero criaram divisões entre fãs e membros do elenco original. Enquanto alguns como Emma Watson e Daniel Radcliffe se posicionaram publicamente em apoio à comunidade trans, outros preferiram manter distância do debate.
Felton parece adotar esta última abordagem. "Eu prefiro celebrar o incrível trabalho que todos fizemos juntos", comentou o ator, evitando criticar diretamente a autora. Essa postura neutra levanta questões interessantes sobre como artistas navegam entre suas carreiras e convicções pessoais em projetos com históricos complexos.
O retorno de Felton ao teatro londrino acontece em meio a um renovado interesse pelo universo de Harry Potter, com a série de TV anunciada pela HBO Max e o sucesso contínuo da peça Harry Potter e a Criança Amaldiçoada. Apesar das controvérsias, parece que o apelo da magia criada por Rowling permanece forte o suficiente para superar divisões políticas e sociais.
O desafio de separar a arte do artista
A postura de Felton reflete um dilema cada vez mais comum no mundo do entretenimento: como lidar com obras amadas quando seus criadores se envolvem em controvérsias? Nos últimos anos, vimos debates semelhantes em torno de figuras como Woody Allen, Kevin Spacey e Michael Jackson. Alguns fãs argumentam que é possível apreciar o trabalho artístico separadamente, enquanto outros sentem que apoiar a arte significa endossar indiretamente as ações do artista.
No caso de Harry Potter, a situação é particularmente complexa porque a franquia sempre se posicionou como defensora dos marginalizados. "Os livros ensinaram uma geração inteira sobre aceitação e coragem", observa Maria Fernandes, professora de literatura da USP. "É irônico que agora a autora seja vista por muitos como indo contra esses mesmos valores."
O impacto nas novas gerações de fãs
Enquanto isso, uma nova leva de jovens está descobrindo Harry Potter pela primeira vez - muitos deles através da plataforma de streaming HBO Max. Pesquisas mostram que a Geração Z tende a ser mais engajada com questões sociais do que suas predecessoras. Como esses fãs mais jovens reconciliam seu amor pela história com as opiniões da autora?
Alguns fãs adolescentes têm adotado estratégias criativas, como doar para organizações LGBTQ+ sempre que compram produtos da franquia. Outros preferem focar no trabalho dos atores e da equipe técnica, que muitas vezes expressaram opiniões divergentes das de Rowling. "Adoro o mundo de Harry Potter, mas apoio totalmente a comunidade trans", escreveu um fã de 17 anos no Twitter. "Pra mim, a magia pertence mais aos fãs do que à autora agora."
O próprio Felton parece consciente dessa dinâmica. Em entrevistas anteriores, ele frequentemente destacou como os fãs reinventaram e reclamaram a franquia para si mesmos. "Draco Malfoy era um vilão nos livros, mas os fãs encontraram nuances e complexidade nele que nem eu havia percebido", brincou o ator em um evento em 2020.
O futuro da franquia em meio às polêmicas
Com a nova série de TV em desenvolvimento e parques temáticos continuando a expandir, a Warner Bros. enfrenta o desafio de manter viva a magia de Harry Potter enquanto navega pelas águas turbulentas das opiniões de sua criadora. A estratégia até agora tem sido minimizar o envolvimento direto de Rowling nos novos projetos, embora ela ainda mantenha direitos criativos e financeiros significativos.
Alguns analistas especulam que o sucesso contínuo da franquia pode depender justamente dessa capacidade de "pertencer" mais aos fãs e ao elenco do que à autora original. "Quando você tem uma obra que transcende tanto seu criador, ela quase se torna propriedade cultural coletiva", argumenta o crítico de cinema Roberto Almeida. "O que Felton e outros membros do elenco fazem com esse legado pode ser tão importante quanto o que Rowling diz no Twitter."
Enquanto isso, o teatro continua sendo um espaço onde os atores podem reinterpretar personagens e narrativas sem necessariamente endossar todas as visões de seus criadores. A peça 2:22 A Ghost Story, na qual Felton estrela, não tem conexão direta com Harry Potter, mas oferece ao ator uma oportunidade de mostrar seu crescimento artístico longe das sombras de Draco Malfoy - e das polêmicas de J.K. Rowling.
Com informações do: Entertainment Weekly