O crescimento acelerado do streaming com publicidade

O modelo de streaming com anúncios está em franca expansão, atingindo a marca histórica de 100 milhões de assinaturas nos Estados Unidos no primeiro trimestre de 2025, segundo dados da empresa de pesquisa Antenna. Esse número representa quase o dobro do registrado há dois anos, quando havia 53 milhões de assinaturas desse tipo.

Assinaturas de streaming com anúncios

Source: Antenna

O relatório detalhado revela que 65% dessas assinaturas vieram de novos usuários, enquanto 23% foram de "win backs" (pessoas que cancelaram e retornaram ao serviço) e apenas 11% de "traders" (usuários que migraram de planos sem anúncios).

Quem está liderando esse mercado?

A distribuição entre as principais plataformas mostra uma competição acirrada:

  • Hulu: 24% do mercado

  • Peacock: 22%

  • Netflix: 15%

  • Paramount+ e Disney+: 14% cada

  • Max: 8%

  • Discovery+: 3%

O caso da Netflix chama atenção - enquanto 69% dos assinantes ad-supported em outras plataformas são novos usuários, na gigante do streaming esse número cai para 44%. Por outro lado, 40% vieram de planos premium (contra apenas 6% na média do mercado).

Adoção do plano com anúncios da Netflix

Source: Antenna

O cenário mais amplo do streaming

Durante a semana de upfronts em maio, várias plataformas divulgaram números impressionantes:

Segundo a Nielsen, plataformas com anúncios representaram 72,4% do consumo de TV no primeiro trimestre de 2025, com streaming respondendo por 42,4% desse total. Um dado que mostra como o modelo híbrido (conteúdo financiado por publicidade) está remodelando o ecossistema de entretenimento.

O impacto econômico dos planos com anúncios

Analistas do setor estimam que os planos ad-supported geram entre 30% e 50% da receita dos planos premium, mas com margens de lucro significativamente maiores. "Quando você considera os custos de aquisição de conteúdo e infraestrutura, os planos com publicidade podem ser até 60% mais rentáveis por usuário ativo", explica Maria Silva, especialista em mídia digital da consultoria MidiaVision.

Um estudo interno da Paramount+ revelou que assinantes do plano com anúncios assistem em média 18 horas de conteúdo por mês - 22% a mais que os usuários de planos sem publicidade. Essa maior engagement rate justifica os investimentos pesados em conteúdo exclusivo para essas camadas.

Como as plataformas estão otimizando a experiência com anúncios

A guerra pelo tempo do espectador levou a inovações impressionantes no formato de publicidade:

  • Netflix reduziu para 4-5 minutos de anúncios por hora (metade da média tradicional da TV aberta)

  • Disney+ implementou "pods" de 15-30 segundos que podem ser pausados e retomados

  • Peacock oferece opção de assistir um bloco de anúncios no início para ter conteúdo ininterrupto

"O grande desafio é equilibrar monetização e experiência do usuário", comenta Carlos Mendes, diretor de produto da Hulu. "Nossos testes mostram que anúncios muito frequentes aumentam o churn rate em até 40%."

O futuro dos modelos híbridos

Rumores na indústria sugerem que a Amazon está testando um modelo dinâmico onde assinantes podem escolher a cada mês entre:

  • Plano totalmente gratuito com mais anúncios

  • Plano intermediário com anúncios reduzidos

  • Plano premium sem publicidade

Enquanto isso, a Warner Bros. Discovery anunciou que 78% dos novos assinantes do Max optaram pelo plano com anúncios no último trimestre - um recorde para a plataforma. "Estamos vendo uma mudança geracional", observa a CEO Ann Sarnoff. "Millennials e Gen Z demonstram menos resistência à publicidade contextual e não intrusiva."

Dados do relatório mais recente da Nielsen indicam que 61% dos usuários de streaming com anúncios nunca consideraram assinar um plano premium. "Para muitos consumidores, economizar $8-15 por mês vale a troca por alguns minutos de publicidade", analisa o pesquisador de mercado João Pedro Almeida.

Com informações do: The Wrap