O legado de 'Missão: Impossível' e o futuro de Tom Cruise
Após quase 30 anos, três mortes na tela e pelo menos uma dúzia de cenas arriscadas, Ethan Hunt e a franquia Missão: Impossível chegam a um tipo de conclusão com The Final Reckoning. A pergunta que fica é: o que vem a seguir?

Tom Cruise é a franquia, e ao longo dos anos ele reafirmou seu compromisso com esses filmes até o último suspiro. Fãs antigos sabem que parte disso serviu como uma mensagem direta para a Paramount: depois que Jeremy Renner foi escalado como William Brandt em Protocolo Fantasma, rumores surgiram de que ele assumiria o papel principal quando Cruise decidisse se aposentar. Isso nunca aconteceu, mas desde então, Cruise sempre teve outro astro como coadjuvante, como Rebecca Ferguson (Ilsa Faust), Hayley Atwell (Grace) e Henry Cavill (August Walker).
Novos protagonistas e o futuro do gênero
Todos esses atores foram apresentados como espelhos ou antagonistas de Ethan, com pelo menos uma cena de ação para provar seu valor como possíveis substitutos. Se essa foi a intenção dos roteiristas ou não, a possibilidade de um novo protagonista parece real, mesmo que signifique dividir as cenas - com o novo lidando com tiroteios e lutas enquanto Ethan continua com suas acrobacias mortais, algo que The Final Reckoning já faz.
Alternativamente, Cruise agora tem um acordo com a Warner Bros. para desenvolver filmes, incluindo um projeto com Alejandro González Iñárritu e uma possível sequência de Edge of Tomorrow. Se ele permitir, a Paramount poderia continuar a franquia sem ele por um ou dois filmes, dando ao público tempo para sentir falta de Ethan enquanto se apega a novos personagens. Assim, o retorno de Cruise seria um evento tão grandioso quanto Top Gun: Maverick.
O vácuo deixado pelas grandes franquias de ação
Se isso não acontecer, podemos ver uma nova leva de filmes de espionagem nos próximos anos, semelhantes aos protagonizados por mulheres que tentaram preencher o espaço deixado pela ausência de um filme da Viúva Negra até 2021. Missão: Impossível é uma das últimas grandes franquias do gênero - as outras sendo Jason Bourne e James Bond, ambas com possíveis novos filmes em desenvolvimento, mas nada concreto ainda. Com esse vácuo, qualquer ator ou diretor pode surgir e fazer história.
Vários atores já parecem ter sido picados pelo "bug da ação": após sua estreia como diretor em Monkey Man, Dev Patel está trabalhando no thriller medieval The Peasant. Simu Liu quer adaptar Sleeping Dogs, e Florence Pugh convenceu a Disney a deixá-la pular de um arranha-céu em Thunderbolts.
Essa ênfase no trabalho prático, e a determinação de Pugh em realizá-lo, mostra um desejo entre a nova geração de estrelas de se sujar de verdade. Cruise já defendeu que atores mais jovens se preparem para esse tipo de trabalho e estudem filmes antigos, chegando a criar campos de treinamento para seus colegas de elenco. O foco em cenas reais tem sido um dos maiores trunfos de Missão: Impossível, e muitos atores, como
O impacto de Cruise na indústria e o legado das cenas práticas
Tom Cruise não apenas elevou o patamar das cenas de ação, mas também mudou a forma como Hollywood encara o gênero. Seus métodos radicais - desde escalar o Burj Khalifa até pilotar um helicóptero em loopings - forçaram estúdios a repensarem seu excesso de dependência em CGI. E o mais impressionante? Ele fez tudo isso após os 50 anos, desafiando noções preconcebidas sobre envelhecimento e ação no cinema.
Mas será que essa obsessão pelo realismo é sustentável? Alguns críticos argumentam que o sucesso de Cruise criou uma cultura de risco desnecessário na indústria. Afinal, nem todo ator tem acesso aos melhores dublês, equipes de segurança e seguros milionários que ele possui. Mesmo assim, a demanda por autenticidade só cresce - veja o caso de John Wick, onde Keanu Reeves realizou 90% de suas próprias cenas de luta.
Novas vozes, novas perspectivas
Enquanto Cruise domina o gênero há décadas, uma nova geração de cineastas está reinventando o que significa fazer filmes de ação. Chloe Zhao (Eternals) e Gina Prince-Bythewood (A Mulher Rei) trouxeram sensibilidades únicas ao gênero, focando em coreografias que contam histórias tanto quanto impressionam. E não podemos esquecer de Daniel Kwan e Daniel Scheinert, que em Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo misturaram artes marciais com humor absurdo e drama familiar.
Essa diversidade de abordagens sugere que o futuro do gênero pode ser menos sobre um único ícone substituindo Cruise, e mais sobre uma multiplicidade de vozes. Até mesmo dentro da franquia Missão: Impossível, há espaço para diferentes estilos - imagine um filme focado em Ilsa Faust com sequências mais táticas e menos espetaculares, ou uma aventura de Grace que misture espionagem com comédia de erros.
O papel das plataformas de streaming
Outro fator que pode moldar o futuro são as plataformas de streaming. Enquanto franquias como Missão: Impossível dependem de bilheterias astronômicas, serviços como Netflix e Amazon estão investindo pesado em filmes de ação de médio orçamento. Extraction 3 com Chris Hemsworth e The Gray Man 2 mostram que há apetite por ação fora dos cinemas.
Isso cria oportunidades para atores que talvez não queiram o compromisso de uma franquia de década, mas ainda desejam mostrar suas habilidades físicas. A ascensão de plataformas também significa mais espaço para experimentação - quem diria que veríamos um filme como Kate, com Mary Elizabeth Winstead como uma assassina envenenada, há dez anos?
Tecnologia versus tradição
Um dos debates mais interessantes é como novas tecnologias como IA e deepfakes vão coexistir com a ênfase em ação prática. Por um lado, temos efeitos de rejuvenescimento digital permitindo que estrelas mais velhas continuem em papéis físicos. Por outro, há uma crescente rejeição do público a CGI excessivo - lembra do backlash contra os efeitos visuais do primeiro trailer de Sonic?
Curiosamente, Cruise parece ter antecipado essa tensão. Seus filmes usam tecnologia de ponta, mas sempre a serviço do prático. Até mesmo em Top Gun: Maverick, as cenas aéreas foram filmadas com atores realmente dentro de jatos, usando técnicas inovadoras de câmera. Essa abordagem híbrida pode ser o caminho a seguir - onde tecnologia amplifica, mas não substitui, a autenticidade.
Com informações do: gizmodo