Vvardenfall: um mundo que nunca perde o encanto

Enquanto muitos celebram o remaster de Oblivion, há um título da Bethesda que, anos depois, ainda consegue me fisgar como nenhum outro: The Elder Scrolls III: Morrowind. Lançado em 2002, o jogo pode parecer datado para alguns, mas sua profundidade e riqueza de detalhes o tornam uma experiência única.

Morrowind

(Image credit: Bethesda)

O que torna Morrowind especial?

Diferente dos RPGs mais recentes da Bethesda, Morrowind não segura sua mão. Não há marcadores de quest flutuantes ou fast travel ilimitado. Você precisa:

  • Ler as instruções com atenção

  • Usar landmarks para navegar

  • Descobrir o mundo por conta própria

E que mundo! Vvardenfell é possivelmente o ambiente mais original já criado para um RPG. Das cidades construídas dentro de cogumelos gigantes aos templos flutuantes dos Dwemer, tudo aqui parece saído de um sonho - ou pesadelo - lovecraftiano.

Um sistema de progressão que recompensa dedicação

O sistema de habilidades de Morrowind é brutal no início, mas incrivelmente gratificante quando você começa a dominá-lo. Lembra da primeira vez que conseguiu voar usando magia? Ou de quando finalmente derrotou aquele Cliffracer irritante sem precisar recarregar o jogo?

E os mods? A comunidade mantém o jogo vivo até hoje, com texturas atualizadas, remasters não-oficiais e até expansões completas.

Morrowind

(Image credit: Bethesda)

Enquanto Skyrim e Oblivion optaram por uma abordagem mais acessível, Morrowind permanece como a experiência mais imersiva e desafiadora que a Bethesda já criou. É daqueles jogos que, mesmo depois de vinte anos, ainda guardam segredos para descobrir.

O charme da narrativa não-linear

O que realmente diferencia Morrowind dos seus sucessores é como a história se desenrola. Em vez de ser o "escolhido" desde o primeiro minuto, você começa como um estrangeiro insignificante - e precisa provar seu valor. As facções políticas, guildas de ladrões e casas nobres oferecem missões que frequentemente se contradizem, forçando você a fazer escolhas reais com consequências duradouras.

Lembro da primeira vez que me envolvi na guerra entre as Casas Redoran e Hlaalu. Decidir qual lado apoiar não era apenas sobre recompensas, mas sobre qual visão de Vvardenfell eu queria ajudar a moldar. Essa complexidade moral raramente aparece nos RPGs modernos, onde as escolhas muitas vezes se resumem a "bom" ou "mau".

Morrowind

(Image credit: Bethesda)

O peso das palavras

Os diálogos em Morrowind são outra joia negligenciada. Ao contrário da voz totalmente dublada dos jogos posteriores, aqui temos textos densos e ricos em lore. Conversar com um NPC podia levar a:

  • Histórias sobre as Guerras do Tribunal

  • Lendas locais sobre os desaparecidos Dwemer

  • Dicas sutis sobre locais secretos

  • Pistas para resolver quests complexas

    Morrowind

(Image credit: Bethesda)

Era preciso ler com atenção - algo que hoje parece quase radical em um mercado dominado por cutscenes cinematográficas e diálogos rápidos. Mas essa abordagem dava ao mundo uma profundidade que poucos jogos conseguiram replicar.

Quando o jogo te engana

Morrowind tinha uma maneira única de brincar com as expectativas dos jogadores. Lembra da Caverna dos Sonhos? Ou daquele NPC que te enviava em uma missão aparentemente simples, só para você descobrir que estava sendo usado como peão em um jogo político muito maior?

Morrowind

(Image credit: Bethesda)

Até os livros dentro do jogo continham histórias fascinantes - muitas vezes com pistas para quests escondidas ou referências a locais misteriosos. Em uma era pré-internet, descobrir esses segredos por conta própria era metade da diversão.

E falando em segredos, quem poderia esquecer a lendária espada Chrysamere, escondida em um local tão absurdo que poucos a encontraram sem ajuda? Ou os misteriosos "Prophecy" e "Mystery" do Tribunal Temple?

O som de Vvardenfell

A trilha sonora de Jeremy Soule é icônica, mas os sons ambientes de Morrowind merecem igual reconhecimento. O vento uivando nas planícies de cinzas, os sons estranhos das criaturas nativas, o barulho distante de um Silt Strider - tudo contribuía para uma imersão que poucos jogos conseguiram igualar.

Até hoje, o som da chuva em Balmora me traz uma nostalgia visceral. E quem não sentiu um calafrio ao ouvir pela primeira vez os cantos enigmáticos dos Ashlanders?

Modding: mantendo o jogo vivo

Enquanto a Bethesda se concentra em remasters e novas versões, a comunidade de modders continua expandindo Morrowind de maneiras impressionantes. Desde overhauls visuais que rivalizam com jogos modernos até sistemas de combate completamente reformulados, há sempre algo novo para experimentar.

Alguns projetos ambiciosos até recriam toda a província de Morrowind usando o engine do jogo, enquanto outros adicionam mecânicas completamente novas, como:

  • Sistemas de sobrevivência realistas

  • Novas linhas de diálogo e quests

  • Animais e monstros nunca vistos no jogo original

  • Mecânicas de construção e criação

É impressionante como, duas décadas depois, os fãs ainda encontram novas maneiras de interagir com este mundo. Talvez seja porque, diferente dos jogos mais recentes da franquia, Morrowind foi construído com uma filosofia de "menos é mais" - deixando espaço para a imaginação dos jogadores e criadores.

Com informações do: PC Gamer