A nova temporada de "Monstros" na Netflix, dedicada a Ed Gein, prometia ser a mais impactante do universo criado por Ryan Murphy, mas acabou se tornando uma das produções mais criticadas da plataforma. A série apresenta Charlie Hunnam no papel do infame assassino e, apesar de seus méritos técnicos inegáveis, ultrapassou uma linha perigosa que dividiu opiniões entre público e crítica.
A Humanização do Monstro: O Ponto Central da Polêmica
Diferente das temporadas anteriores sobre Jeffrey Dahmer e os Irmãos Menendez, "Monstros: Ed Gein" enfrenta críticas por tentar justificar as atrocidades cometidas pelo criminoso através da exploração de seus traumas, fraquezas e infância problemática. A produção parece mais preocupada em gerar empatia pelo assassino do que em dar voz adequada às vítimas, transformando um dos criminosos mais brutais da história em uma figura quase pitoresca e incompreendida.
Enquanto "Monstros: Dahmer" transformou seu protagonista em ícone pop e "Monstros: Os Irmãos Menendez" reacendeu debates relevantes sobre justiça, a abordagem adotada para Ed Gein parece romantizar o horror real. O roteiro força o espectador a compreender o criminoso em vez de condenar seus atos, uma escolha narrativa que muitos consideram problemática quando se trata de crimes reais que causaram sofrimento genuíno.
Méritos Técnicos Versus Problemas Narrativos
A produção não carece de qualidades técnicas. A fotografia sombria, a ambientação assustadora e a trilha sonora inquietante criam uma atmosfera convincente. A atuação de Charlie Hunnam é impressionante, capturando a complexidade perturbadora de Gein. A narrativa fragmentada e o ritmo mais lento tentam refletir a mente confusa do próprio assassino, demonstrando cuidado na construção do universo da série.
No entanto, esses elementos positivos são ofuscados pela abordagem problemática em relação ao protagonista. A série de Ryan Murphy e Ian Brennan acerta em aspectos visuais e de produção, mas falha ao "passar pano" para um dos nomes mais macabros do true crime, resultando em notas baixas no Rotten Tomatoes e rejeição significativa do público.
O Limite Entre Retratar e Romantizar o Horror Real
A polêmica em torno de "Monstros: Ed Gein" levanta questões importantes sobre os limites do entretenimento quando o tema envolve assassinatos e sofrimento real. Até que ponto é aceitável humanizar figuras históricas conhecidas por atos de extrema violência? A série parece ignorar que, por trás da história fascinante de um criminoso, existem vítimas reais e famílias que sofreram perdas irreparáveis.
Esta temporada serve como um estudo de caso sobre os perigos de cruzarmos a linha tênue entre retratar um personagem complexo e romantizar suas ações monstruosas. A discussão vai além da qualidade da produção e adentra o território ético sobre como a mídia deve abordar crimes reais e seus perpetradores.
A série sobre Ed Gein na Netflix, apesar de seus méritos técnicos e da performance competente de Charlie Hunnam, representa um exemplo claro de como a humanização excessiva de criminosos pode resultar em uma narrativa problemática. A produção levanta questões importantes sobre os limites éticos do entretenimento baseado em crimes reais, servindo como um alerta para futuras produções do gênero true crime que precisam equilibrar a complexidade psicológica dos criminosos com o respeito devido às vítimas.
Originally published on YouTube by Ei Nerd on Sun Oct 12 2025