O novo capítulo da disputa entre PETA e Nintendo

A Nintendo é conhecida por proteger rigorosamente seus personagens e mecânicas de jogo, o que frequentemente resulta em ações legais contra quem os usa sem permissão. Mas há outra organização que mantém a gigante japonesa em seu radar: a PETA. A organização de proteção animal tem um histórico de críticas à Nintendo por suas representações de animais nos jogos.

A polêmica da vaca com aro no nariz

O mais recente capítulo dessa disputa surgiu com o lançamento de Mario Kart World para Nintendo Switch 2. Entre os novos personagens jogáveis está uma vaca que rapidamente se tornou favorita dos fãs. Mas a PETA não ficou nada satisfeita com seu design.

A organização acusou a Nintendo de promover crueldade animal por incluir um aro no nariz da personagem. Para muitos jogadores, esse detalhe pode parecer insignificante, mas para a PETA representa um símbolo doloroso do sofrimento real que as vacas enfrentam na indústria agropecuária.

O significado por trás do aro nasal

Na vida real, os anéis nasais são usados para controlar vacas, muitas vezes causando dor significativa. A PETA argumenta que a representação alegre da vaca no jogo - sempre sorrindo - cria uma dissonância com a realidade desses animais. "É um lembrete doloroso das atrocidades que as vacas sofrem", afirmou a organização.

A solicitação da PETA é aparentemente simples: remover o aro nasal do design do personagem. Mas considerando o histórico da Nintendo em lidar com esse tipo de crítica, é improvável que a empresa faça mudanças. A vaca provavelmente permanecerá exatamente como foi concebida inicialmente pelos desenvolvedores.

O que você acha? Uma crítica válida ou um exagero da organização? A representação de animais em jogos deve refletir a realidade ou pode ser estilizada para fins de entretenimento?

O histórico de críticas da PETA à Nintendo

Esta não é a primeira vez que a PETA mira os jogos da Nintendo. Em 2008, a organização criou até mesmo um jogo paródia chamado "Mario Kills Tanooki", criticando o uso da pele de Tanooki em Super Mario Bros. 3. Em 2012, voltaram à carga com "Super Tofu Boy", uma resposta ao tratamento de animais em Super Meat Boy.

O que torna essas críticas particularmente interessantes é como elas refletem uma tensão maior entre entretenimento e ativismo. Enquanto a Nintendo vê seus personagens como criações fantásticas e estilizadas, a PETA enxerga uma oportunidade para educar sobre questões reais de bem-estar animal.

Como os fãs estão reagindo

Nas redes sociais, a reação dos jogadores tem sido mista. Alguns apontam que a vaca de Mario Kart World é claramente uma personagem antropomórfica, mais próxima de um desenho animado do que de um animal real. "Se formos por esse caminho, teríamos que questionar por que o Yoshi come frutas inteiras com casca e tudo", brincou um usuário no Reddit.

Outros, no entanto, reconhecem que a PETA tem um ponto válido sobre a normalização de práticas questionáveis. "Não acho que vá traumatizar crianças, mas é verdade que poucas pessoas param para pensar de onde vem esse aro no nariz", comentou uma jogadora no Twitter.

O dilema da representação em jogos

Este caso levanta questões interessantes sobre responsabilidade artística. Até que ponto desenvolvedores de jogos devem considerar o impacto simbólico de seus designs? Personagens como a vaca de Mario Kart World são criados primeiro para serem divertidos e memoráveis, não necessariamente para refletirem a realidade.

Por outro lado, jogos têm um poder imenso de moldar percepções, especialmente em jogadores mais jovens. Um estudo de 2018 publicado no Computers in Human Behavior mostrou que representações recorrentes em games podem influenciar como as pessoas veem certos conceitos no mundo real.

Curiosamente, esta não é uma discussão nova na indústria. Em 2014, a desenvolvedora de Stardew Valley, ConcernedApe, decidiu remover a mecânica de abate de animais após feedback da comunidade. "Eu queria que o jogo fosse acessível para todos", explicou o desenvolvedor em um fórum.

No caso da Nintendo, porém, a abordagem tem sido diferente. A empresa raramente comenta sobre controvérsias desse tipo, preferindo deixar que seus jogos falem por si. E considerando o sucesso estrondoso de Mario Kart World, é pouco provável que esta polêmica afete suas vendas.

Mas a persistência da PETA sugere que essa conversa está longe de acabar. À medida que os jogos se tornam cada vez mais parte do mainstream cultural, questões como essa provavelmente ganharão ainda mais relevância. Será que estamos prestes a ver uma mudança na forma como os animais são representados nos games?

Com informações do: VidaExtra