Novo empreendimento de Billy Evans mira "otimização da saúde humana"
Billy Evans, parceiro da fundadora da Theranos, Elizabeth Holmes, está envolvido em um novo projeto ambicioso no setor de biotecnologia. Segundo reportagem do The New York Times, a startup Haemanthus pretende revolucionar o campo de exames de sangue com foco em "otimização da saúde humana".
O jornal conversou com dois investidores que receberam pitches sobre a empresa e teve acesso a materiais de marketing. Embora detalhes específicos sobre a tecnologia ainda sejam escassos, a iniciativa já desperta curiosidade - e certa dose de ceticismo - no mercado.
O fantasma da Theranos e os desafios do novo projeto
Ao se aventurar novamente no controverso setor de exames de sangue, Evans inevitavelmente enfrentará comparações com o escândalo da Theranos. A empresa de Holmes prometeu inovações revolucionárias que nunca se materializaram, resultando em um dos maiores casos de fraude corporativa da história do Vale do Silício.
Alguns pontos que chamam atenção:
A escolha de focar em "otimização" em vez de diagnóstico médico direto
A ausência de detalhes técnicos sobre como a tecnologia funcionaria
O timing curioso, com Holmes ainda cumprindo pena por fraude
Será que investidores estarão dispostos a apostar em outra startup de exames de sangue ligada à família Holmes-Evans? O setor certamente evoluiu muito desde os dias da Theranos, com avanços reais em tecnologias como biossensores e microfluídica. Mas o ceticismo permanece alto.
Diferenças fundamentais entre Haemanthus e Theranos
Analistas apontam que, apesar das óbvias semelhanças superficiais, o projeto de Evans apresenta diferenças estruturais importantes em relação ao modelo da Theranos. Enquanto Holmes prometia substituir completamente os métodos tradicionais de exames de sangue, a Haemanthus parece adotar uma abordagem mais incremental, focando em complementar os exames existentes com dados adicionais para "otimização" - um termo propositalmente vago que pode abranger desde nutrição até monitoramento de biomarcadores.
Fontes próximas ao projeto sugerem que a tecnologia em desenvolvimento utiliza uma combinação de:
Análise de microamostras sanguíneas (50-100 microlitres)
Plataforma de aprendizado de máquina para identificar padrões
Integração com wearables e outros dispositivos de monitoramento
O ecossistema atual de health tech: mais maduro ou mais arriscado?
O mercado de biotecnologia e exames diagnósticos passou por transformações radicais desde o auge da Theranos. Startups como LetsGetChecked e Everlywell popularizaram os testes caseiros, enquanto gigantes como Abbott e Roche investiram pesado em miniaturização de equipamentos. Nesse contexto, especialistas debatem se a Haemanthus está entrando em um campo mais receptivo ou saturado.
"Há uma demanda real por soluções que vão além do diagnóstico tradicional", explica Dra. Carla Mendes, pesquisadora em medicina preventiva. "Mas o desafio é provar que esses dados adicionais realmente melhoram resultados de saúde, e não apenas geram ansiedade ou intervenções desnecessárias."
Investidores ouvidos pelo NY Times relataram que Evans enfatiza em seus pitches:
Parcerias com pesquisadores de instituições de prestígio (não nomeadas)
Um modelo de negócios baseado em assinaturas, não em vendas únicas
Foco inicial em nichos específicos como desempenho esportivo e longevidade
Lições não aprendidas? O fator confiança
O maior obstáculo para Evans pode não ser tecnológico, mas de percepção. Mesmo que a Haemanthus adote práticas completamente diferentes da Theranos, a simples associação com o caso pode pesar. "É como tentar vender um novo sistema financeiro depois do escândalo do Madoff", compara o consultor de startups Marco Túlio Costa.
Curiosamente, materiais de marketing obtidos pelo jornal evitam qualquer menção a Elizabeth Holmes ou Theranos, focando exclusivamente na equipe científica e no conselho consultivo. Mas essa estratégia de distanciamento pode se provar insuficiente conforme o projeto ganhe visibilidade.
Enquanto isso, o setor observa com atenção misturada - esperando para ver se Evans conseguirá navegar as complexidades técnicas e regulatórias que destruíram a empresa de sua parceira. "O campo de exames de sangue precisa de inovação genuína", admite um executivo anônimo de uma grande empresa de diagnósticos. "Mas precisa ainda mais de transparência."
Com informações do: Tech Crunch