O acidente que se tornou um ícone dos games

Em um daqueles casos onde o acaso cria história, Chris Maple, um designer de Seattle, acabou criando sem querer um dos logotipos mais reconhecíveis do mundo dos videogames. O que começou como um trabalho rápido para a Nintendo nos anos 90 se transformou em parte fundamental da identidade visual de Pokémon.

Você já parou para pensar quantas vezes viu aquele logo estilizado com a silhueta de Pikachu e a tipografia pesada? Pois é, tudo começou quando Maple recebeu um pedido de última hora para criar a identidade visual de um novo jogo que a empresa japonesa estava prestes a lançar no Ocidente.

Um centavo que valeu milhões

O detalhe mais curioso dessa história? Maple afirma ter recebido literalmente "um centavo" pelo trabalho. Em entrevistas, ele brinca que deveria ter negociado royalties, considerando o sucesso estrondoso que a franquia Pokémon se tornou.

  • O logo foi criado em 1998 para o lançamento ocidental de Pokémon Red e Blue

  • Maple usou como base o mascote Pikachu, que já estava definido como cara da franquia

  • A tipografia pesada foi escolhida para transmitir energia e dinamismo

O que pouca gente sabe é que o designer quase recusou o trabalho. Na época, ele estava sobrecarregado com outros projetos e quase passou a oportunidade para um colega. Felizmente para os fãs de Pokémon, ele acabou aceitando o desafio.

Um legado que atravessa gerações

Vinte e cinco anos depois, o logo original de Maple continua praticamente inalterado. A Nintendo fez pequenos ajustes ao longo dos anos, mas a essência do design permanece a mesma. É raro encontrar na indústria dos games uma identidade visual com tanta longevidade.

E pensar que tudo começou com um trabalho rápido, feito quase de favor, por um designer que nem imaginava que estava criando parte da cultura pop mundial. Maple hoje trabalha com design de interfaces, mas dificilmente algum projeto seu superará o impacto cultural daquele logo criado às pressas.

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O processo criativo por trás do logo

Maple revelou em entrevistas posteriores que o processo de criação foi surpreendentemente orgânico. "Eu tinha apenas algumas horas para entregar algo", contou. "Peguei a arte do Pikachu que me enviaram e comecei a brincar com formas e contrastes. Queria algo que saltasse das prateleiras."

O designer lembra que testou diversas abordagens antes de chegar na versão final:

  • Primeiro experimentou um estilo mais cartoon, mas achou infantil demais

  • Testou uma versão monocromática que não transmitia a energia da franquia

  • Considerou incluir outros Pokémon além do Pikachu, mas isso deixava o visual poluído

O momento "eureka" veio quando Maple decidiu usar a silhueta do Pikachu contra um fundo amarelo vibrante. "Foi quando tudo clicou - a simplicidade funcionava melhor do que qualquer coisa complexa", explicou.

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O impacto cultural não planejado

O que Maple não podia prever era como seu design se tornaria um símbolo geracional. Nos anos seguintes, o logo apareceria em tudo - de mochilas escolares a comerciais de TV, passando por roupas e acessórios. "Meus sobrinhos ficaram chocados quando descobriram que eu tinha feito aquele logo que eles viam em todo lugar", ri o designer.

Curiosamente, a Nintendo nunca encomendou uma reformulação completa. Pequenos ajustes foram feitos - como o refinamento das bordas e atualizações de cores para acompanhar as novas tecnologias de impressão - mas a essência permaneceu. Especialistas em branding apontam isso como um caso raro de consistência visual em uma franquia que já viu tantas mudanças em outros aspectos.

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O paradoxo do reconhecimento versus anonimato

Por ironia do destino, enquanto seu trabalho se tornava um dos mais reconhecidos do planeta, Maple permaneceu praticamente anônimo por anos. "As pessoas reconhecem o logo imediatamente, mas ninguém sabe quem o criou", reflete. "Às vezes acho isso até libertador - o trabalho fala por si."

O designer só começou a receber crédito público quando fãs descobriram sua participação em fóruns especializados. Mesmo assim, ele mantém uma postura humilde: "Foi um trabalho como qualquer outro na época. O mérito real está na equipe que criou Pokémon como um todo."

Nos últimos anos, com o ressurgimento da nostalgia dos anos 90, Maple começou a ser convidado para eventos de games e convenções. "É engraçado ver adultos que cresceram com Pokémon ficando emocionados ao me conhecer", comenta. "Eu era apenas um designer fazendo seu trabalho, mas acabei fazendo parte da infância de tanta gente."

Com informações do: IGN Brasil