Missão Impossível: O Último Ato tem cenas marcantes, mas decepciona no geral

Tom Cruise pendurado em um avião em Missão Impossível: O Último Ato

Com Missão Impossível: O Último Ato, a franquia finalmente cumpriu o que parecia impossível: entregar um filme que não está à altura dos padrões elevados da série. O oitavo filme estrelado por Tom Cruise tem todos os elementos de um grande filme da série - sequências de ação além da imaginação, apostas globais e uma narrativa contra o tempo - mas nunca encontra o equilíbrio certo para fazer tudo funcionar como nos filmes anteriores.

Excesso de explicações e ritmo arrastado

Com duração próxima de três horas, O Último Ato tenta ser sequência direta de Acerto de Contas - Parte 1 (2023), final da franquia de 25 anos e ainda um longo tutorial sobre como as missões deste filme são as mais impossíveis de todas. Longos trechos são dedicados apenas a explicar a dificuldade das missões, com detalhes repetitivos sobre a improbabilidade de cada peça do quebra-cabeça se encaixar.

Cena subaquática de Missão Impossível 8

Quando deixamos Ethan Hunt (Tom Cruise) e sua equipe no filme anterior, eles haviam passado pelo inferno para obter uma chave especial - a única coisa capaz de destruir a Entidade, uma inteligência artificial determinada a dominar o mundo. A primeira missão no novo filme é encontrar um submarino desaparecido, mas o filme leva cerca de uma hora e meia para chegar a esse momento, perdendo-se em explicações excessivas.

Cenas espetaculares salvam parcialmente

Quando finalmente chegamos à cena em que Cruise como Hunt mergulha até o submarino, a sequência é incrível - cheia de tensão, emoção e reviravoltas literais. Por alguns minutos, esquecemos que o filme está apenas na metade. Mais tarde, outra cena espetacular mostra Ethan pendurado em um pequeno biplano amarelo no ar, deixando o público em silêncio estupefato.

Tom Cruise pendurado em um avião

Mas então a cena continua... e continua... e a mente começa a divagar. Perguntas surgem: por que o filme não desenvolveu aquele flashback sobre Gabriel e a mulher de Ethan do último filme? Qual o propósito da personagem de Hannah Waddingham? Por que incluir tantas referências aos filmes anteriores se isso não acrescenta muito? E o final, que não daremos spoiler, deixa a desejar tanto para esta história quanto para a franquia como um todo.

Elenco estelar e momentos de brilho

Apesar de tudo, há algo inerentemente divertido em assistir esses personagens nesse mundo realizando esses tipos de missões. Simon Pegg e Ving Rhames têm papéis menores que em filmes anteriores, mas cada um tem seus momentos. Hayley Atwell tem mais espaço e encontra seu nicho na IMF. O filme ainda traz uma lista de atores em papéis menores, muitos com pouco ou nada para fazer, mas que são bem-vindos de qualquer forma - incluindo Angela Bassett como presidente dos EUA e Nick Offerman como líder militar.

Elenco de Missão Impossível 8

Dirigido por Christopher McQuarrie, Missão Impossível: O Último Ato chega aos cinemas em 23 de maio. O filme tem cenas espetaculares, todo o elenco parece feliz por estar lá, mas a mistura mal equilibrada de nostalgia e narrativa nos faz pensar que a próxima missão impossível desta franquia deveria ser um recomeço.

O peso da nostalgia e a falta de inovação

Uma das maiores críticas que se pode fazer a O Último Ato é sua dependência excessiva de elementos nostálgicos da franquia. Enquanto Rogue Nation e Fallout trouxeram novas dinâmicas e vilões memoráveis, este último capítulo parece mais interessado em fazer referências a momentos icônicos dos filmes anteriores do que em criar algo verdadeiramente novo. A cena do submarino, por exemplo, lembra muito a sequência do túnel em Missão Impossível (1996), mas sem a mesma tensão ou originalidade.

O problema da Entidade: quando o vilão é muito abstrato

A escolha de uma inteligência artificial como antagonista principal pode ter parecido uma ideia interessante no papel, mas na prática, a Entidade acaba sendo um vilão menos impactante que Solomon Lane ou mesmo o grupo Syndicate. Como espectadores, sentimos falta daquela presença física ameaçadora que marcou os melhores filmes da série. A IA é um conceito assustador na teoria, mas no cinema de ação, nada substitui a química entre herói e vilão em cena.

Curiosamente, o filme até tenta humanizar esse conflito através do personagem Gabriel (Esai Morales), mas sua motivação nunca fica totalmente clara. Ele parece mais um instrumento da Entidade do que um antagonista com agência própria. E quando comparamos com vilões como Philip Seymour Hoffman em Missão Impossível 3, a diferença é gritante.

Tom Cruise: quando o compromisso vira obstinação

Não há como negar o comprometimento físico de Tom Cruise com as cenas de ação - o ator de 61 anos continua realizando proezas que atores décadas mais jovens hesitariam em tentar. Mas em O Último Ato, há momentos em que essa dedicação parece ter prioridade sobre a narrativa. Certas sequências são tão longas e elaboradas que começam a parecer desconectadas do resto do filme, como se o objetivo principal fosse mostrar "olha o que Tom Cruise pode fazer" em vez de avançar a história.

Isso fica especialmente evidente na cena do biplano, que, apesar de tecnicamente impressionante, poderia ter sido encurtada em pelo menos um terço sem perder seu impacto. É quase como se o filme estivesse tentando justificar sua duração excessiva com essas sequências, quando na verdade o efeito é o oposto.

O que poderia ter sido diferente

Analisando o filme como um todo, fica claro que o maior problema não está nas partes individuais, mas em como elas se conectam (ou não se conectam). Algumas escolhas que poderiam ter melhorado a experiência:

  • Um corte mais rigoroso - pelo menos 30 minutos poderiam ter sido eliminados sem prejudicar a narrativa

  • Mais desenvolvimento para os personagens secundários, especialmente Ilsa Faust (Rebecca Ferguson)

  • Uma abordagem mais ousada na representação da Entidade, talvez dando-lhe uma voz ou presença mais tangível

  • Menos explicações sobre as missões e mais tempo mostrando-as em ação

  • Um equilíbrio melhor entre as sequências de ação e os momentos de diálogo

É interessante notar como O Último Ato contrasta com Acerto de Contas - Parte 1, que, apesar de também ser longo, mantinha um ritmo mais dinâmico e uma narrativa mais coesa. A diferença entre os dois filmes levanta questões sobre as escolhas criativas feitas para este suposto final da franquia.

Com informações do: gizmodo