Madame Web: Um filme injustiçado?
Quando o assunto é filmes de super-herói, poucos títulos foram tão criticados quanto Madame Web, produção da Sony que expande o universo do Homem-Aranha. Mas será que todo esse hate é realmente merecido? Depois de assistir ao filme com atenção, cheguei a uma conclusão polêmica: não, Madame Web não é um filme ruim.
O que funciona no filme?
Apesar das críticas ferozes, Madame Web tem seus méritos:
A atuação de Dakota Johnson como Cassandra Webb traz um tom mais humano e vulnerável ao gênero
A abordagem diferente das origens da personagem oferece um respiro das fórmulas tradicionais de super-heróis
Os elementos de suspense e mistério funcionam melhor do que as cenas de ação tradicionais
A química entre as atrizes que interpretam as futuras Spider-Women surpreende positivamente
Por que tanta rejeição?
Parte da reação negativa parece vir de expectativas desalinhadas. Os fãs esperavam:
Mais conexões óbvias com o Homem-Aranha
Sequências de ação espetaculares
Um tom mais próximo aos filmes da Marvel Studios
Mas Madame Web escolheu um caminho diferente - mais introspectivo e focado no desenvolvimento dos personagens. E isso não é necessariamente um defeito.
Vale lembrar que muitos filmes hoje considerados clássicos do gênero - como Blade e os primeiros X-Men - também foram recebidos com ceticismo inicial. Será que estamos julgando Madame Web com muita severidade?
Um olhar sobre as escolhas narrativas
O que mais me chamou atenção em Madame Web foi justamente sua coragem em fugir do padrão estabelecido. Enquanto a maioria dos filmes do gênero investe em piadas prontas e cenas de ação a cada 10 minutos, aqui temos um ritmo mais deliberado que permite explorar:
A jornada psicológica de Cassandra Webb ao lidar com seus poderes precognitivos
Os dilemas morais de tentar mudar o futuro que ela prevê
As dinâmicas interpessoais entre as jovens que podem se tornar heroínas
Não é à toa que o filme lembra mais thrillers sobrenaturais dos anos 2000 como Premonição do que os blockbusters de super-heróis atuais. Essa diferença de tom pode ter desorientado parte do público, mas traz uma perspectiva refrescante para o universo compartilhado da Sony.
Comparações inevitáveis
É impossível discutir Madame Web sem mencionar o elefante na sala: como ele se compara aos filmes da Marvel e DC? A verdade é que essa comparação já começa errada. A Sony claramente está tentando construir algo diferente aqui - menos sobre espetáculo e mais sobre:
Construção de personagens femininas complexas
Exploração de temas como destino e livre-arbítrio
Um visual mais grounded e menos dependente de CGI
Se Doutor Estranho é uma viagem psicodélica pelos multiversos, Madame Web é um mergulho íntimo na mente de alguém que vê o futuro mas não consegue necessariamente mudá-lo. São abordagens complementares, não concorrentes.
O problema das expectativas
Parte da rejeição ao filme parece vir de um mal-entendido fundamental sobre o que ele pretende ser. Muitos espectadores chegaram esperando:
Um filme de ação com poderes espetaculares
Participações bombásticas de outros personagens do universo Aranha
Um tom mais leve e descontraído
O que encontraram foi um drama sobrenatural com elementos de suspense. É como criticar O Iluminado por não ser tão engraçado quanto Ghostbusters - são propostas completamente diferentes.
Curiosamente, se Madame Web tivesse sido lançado como um filme independente sem conexão com super-heróis, talvez tivesse sido recebido como uma interessante adição ao gênero de suspense psicológico. Mas o peso da marca Homem-Aranha criou expectativas que o filme nunca pretendeu cumprir.
Com informações do: Comicbookmovie