Lost in Random: The Eternal Die - Um Roguelike que Cativa desde o Primeiro Momento

Lost in Random: The Eternal Die me conquistou em poucos minutos. A combinação de esquivas ágeis e combate fluido me lembrou os melhores momentos de Hades, mas com personalidade própria. Desenvolvido pela Stormteller Games (nova responsável pela franquia), este spin-off da aclamada aventura de 2021 mantém o charme peculiar do universo original enquanto mergulha de cabeça no gênero roguelike.

Narrativa e Mundo: Um Reino Dividido pela Sorte

Diferente do jogo original que seguia uma narrativa mais linear, The Eternal Die coloca os jogadores no papel da Rainha Aleksandra - antiga governante de Random que agora está presa dentro do Poderoso Dado Negro. O jogo explora temas de redenção enquanto a monarca enfrenta criaturas e personagens afetados por seu reinado. A boa notícia? Você não precisa ter jogado o primeiro título para aproveitar esta experiência.

O mundo de Random continua tão peculiar quanto sempre: dividido em seis reinos (cada um representando uma face de um dado) onde o acaso dita as regras. A estética sombria e ao mesmo tempo caprichosa cria uma atmosfera única que se destaca entre outros roguelikes.

Cena de gameplay mostrando combate

Image: Stormteller Games/Thunderful Publishing

Sistema de Combate: Dados, Cartas e Estratégia

O coração do jogo está em seu sistema de combate que mescla:

  • Armas tradicionais (espada, martelo, arco e lança) com movimentos básicos mas customizáveis

  • Fortune - um dado falante que funciona como arma arremessável e fonte de piadas terríveis

  • 15 cartas de ataque especiais com efeitos variados

O equilíbrio vem da necessidade de recuperar Fortune após cada arremesso, impedindo ataques contínuos. Relíquias encontradas durante as partidas podem modificar tanto suas armas quanto as habilidades do dado, permitindo combinações criativas.

Menu mostrando relíquias do jogo

Image: Stormteller Games/Thunderful Publishing

Elementos Aleatórios que Definem a Jogabilidade

Como todo bom roguelike, a aleatoriedade desempenha papel crucial. Entre os destaques está a sala de jogos estilo Candyland onde rolar bem o dado pode significar vantagens significativas para sua partida. Foi justamente uma sequência de boas jogadas nesse minigame que garantiu minha primeira vitória, provando que até em um gênero conhecido pela dificuldade, momentos de sorte podem fazer toda diferença.

Os fãs do gênero encontrarão aqui a dose certa de desafio e recompensa. Mesmo após concluir o objetivo principal, a variedade de builds possíveis e a satisfação do combate mantêm o jogo interessante para múltiplas tentativas.

Minigame de tabuleiro dentro do jogo

Image: Stormteller Games/Thunderful Publishing

Lost in Random: The Eternal Die chega em 17 de junho para Nintendo Switch, PlayStation 5, Windows PC e Xbox Series X. O jogo foi analisado na versão para PS5 com um código de pré-lançamento fornecido pela Thunderful Publishing.

Progressão e Customização: Cada Partida é Única

O que realmente diferencia The Eternal Die de outros roguelikes é como a progressão entre partidas se integra perfeitamente à narrativa. Conforme você avança, desbloqueia não apenas novas habilidades, mas também fragmentos da história da Rainha Aleksandra. Esses vislumbres do passado são recompensas tão satisfatórias quanto os upgrades de combate - uma rara combinação que poucos jogos do gênero conseguem equilibrar.

O sistema de meta-progressão oferece:

  • Melhorias permanentes para Fortune (como aumentar as chances de rolar números altos)

  • Novas cartas de ataque que podem aparecer em futuras partidas

  • Desbloqueio de diálogos e cutscenes que aprofundam o lore do universo

  • Modificadores de dificuldade que permitem ajustar o desafio

Design de Níveis e a Arte da Surpresa

Os desenvolvedores entenderam que em um jogo sobre aleatoriedade, a previsibilidade é o maior inimigo. As salas de combate não são apenas arranjadas de forma diferente a cada partida - elas se transformam literalmente. Paredes se rearranjam, plataformas surgem do nada e até a gravidade pode se inverter em certas áreas. Essa filosofia se estende aos inimigos, que aparecem em combinações imprevisíveis, forçando você a adaptar sua estratégia constantemente.

Um momento memorável foi quando, após derrotar um chefe, o próprio cenário começou a se desmontar em cubos flutuantes, criando uma arena improvisada para um combate secundário totalmente inesperado. São esses detalhes que mantêm a sensação de novidade mesmo após horas de jogo.

O Humor como Elemento de Alívio

Em um gênero conhecido por sua dificuldade implacável, o humor de Fortune (o dado falante) funciona como um respiro bem-vindo. Suas piadas ruins e comentários auto-depreciativos criam um contraste delicioso com a atmosfera sombria do jogo. Em uma partida particularmente frustrante, depois de minha quinta morte consecutiva, ele soltou: "Parece que alguém precisa de um dado viciado... mas não me olhe assim, eu sou honesto!". Esses momentos de leveza são cuidadosamente dosados para não quebrar a tensão, mas sim para humanizar a experiência.

Os diálogos com NPCs também merecem destaque. Personagens como o Mercador de Azar (que vende itens aleatórios por preços igualmente aleatórios) ou a Dama da Sorte (uma figura enigmática que oferece desafios opcionais) trazem personalidade ao mundo de Random, transformando cada interação em uma pequena surpresa narrativa.

O Som que Dá Vida a Random

A trilha sonora merece um capítulo à parte. Composições orquestrais com toques de música de circo criam uma identidade auditiva única. O que impressiona é como a música se adapta dinamicamente ao estado da partida - tornando-se mais intensa durante combates, mais melancólica em áreas de descanso e completamente caótica durante eventos aleatórios. Os efeitos sonoros dos dados rolando, cartas sendo ativadas e relíquias sendo desbloqueadas são satisfatórios ao ponto de se tornarem viciantes.

Os fãs do jogo original reconhecerão temas revisitados, mas rearranjados para se adequar ao ritmo mais frenético do roguelike. A dublagem em inglês é consistente, com destaque para a performance da Rainha Aleksandra, que consegue transmitir arrogância, arrependimento e determinação em igual medida.

Com informações do: Polygon