O DCU está aprendendo com os erros do MCU e do próprio DCEU
James Gunn, o novo co-CEO da DC Studios, está traçando um caminho diferente para o Universo Cinematográfico da DC (DCU) em relação ao que a Marvel fez com seu MCU. Em entrevista recente, o diretor e roteirista explicou sua abordagem mais orgânica para a interconexão entre filmes e séries - uma estratégia que parece evitar alguns dos problemas que afetaram ambas as franquias.
"Aprendemos que não precisamos forçar conexões onde elas não fazem sentido", comentou Gunn. "Cada história deve funcionar por si só primeiro." Essa filosofia contrasta com o modelo da Marvel, onde praticamente todos os filmes servem também como peças de um quebra-cabeça maior.
Lições aprendidas com os excessos do MCU
Gunn destacou três principais diferenças em sua abordagem:
Menos dependência de cameos e referências cruzadas obrigatórias
Mais espaço para visões criativas individuais
Histórias que se sustentam sem exigir que o público tenha assistido a tudo
O cineasta, que também dirigiu filmes da Marvel como "Guardiões da Galáxia", conhece bem os dois lados dessa moeda. "Há um equilíbrio delicado entre criar um universo coeso e sufocar a individualidade de cada projeto", refletiu.
O que isso significa para o futuro do DCU?
Essa nova direção pode resolver dois problemas principais que afetaram o antigo DCEU:
A desconexão tonal entre filmes diferentes
A pressa em estabelecer um universo compartilhado antes de desenvolver personagens
Fãs já podem ver essa filosofia em ação nos primeiros projetos anunciados, como "Superman: Legacy" e a série "Creature Commandos". Cada um parece ter sua própria identidade distinta, enquanto ainda existe um plano maior conectando tudo.
Será que essa abordagem mais flexível pode finalmente dar à DC o sucesso consistente que a Marvel alcançou? Gunn parece confiante: "Queremos que os fãs se emocionem com cada história individualmente, não apenas como parte de um todo."
Como essa estratégia se compara ao sucesso da Marvel?
Enquanto o MCU construiu seu império com uma fórmula altamente interconectada, Gunn parece estar apostando em uma abordagem mais parecida com os quadrinhos clássicos. "Nos quadrinhos, você pode pegar um arco do Batman sem precisar ter lido todos os cruzamentos com a Liga da Justiça", explicou. "Queremos trazer essa mesma acessibilidade para o cinema."
Isso não significa que não haverá conexões. A diferença está em como elas serão implementadas. Em vez de cenas pós-créditos obrigatórias que preparam o próximo filme, o DCU pode optar por easter eggs mais sutis e conexões temáticas. "Um personagem pode aparecer em outro projeto porque faz sentido para aquela história, não porque precisamos montar um Vingadores", brincou Gunn.
Os desafios de equilibrar criatividade e continuidade
Um dos maiores testes para essa filosofia virá com os chamados "projetos capítulo 1" do DCU. Como Gunn e seu co-CEO Peter Safran podem garantir que filmes como "The Brave and the Bold" (Batman) e "Supergirl: Woman of Tomorrow" mantenham:
Consistência de qualidade sem uniformidade criativa
Referências ao universo maior sem se tornarem distrações
Um tom coerente sem sacrificar a visão única de cada diretor
Curiosamente, essa abordagem pode resolver um problema que até a Marvel enfrenta atualmente: a fadiga do universo compartilhado. Com tantas séries e filmes interconectados, até os fãs mais dedicados estão tendo dificuldade em acompanhar tudo. O DCU parece querer evitar essa armadilha desde o início.
O papel das séries de TV no ecossistema DCU
Outra diferença crucial está no tratamento das produções para streaming. Enquanto séries como "WandaVision" e "Loki" se tornaram essenciais para entender os filmes do MCU, Gunn sugeriu que as séries do DCU terão um relacionamento diferente com os longas-metragens.
"Creature Commandos", por exemplo, introduzirá personagens que aparecerão depois em filmes, mas a série será autossuficiente. "Não queremos que os fãs se sintam obrigados a assistir tudo", disse Gunn. "Se você só quiser ver os filmes, ótimo. Se quiser mergulhar mais fundo nas séries, melhor ainda."
Essa flexibilidade pode ser especialmente importante considerando como o mercado de streaming está saturado. Quantos espectadores realmente assistiram a todas as séries da Marvel antes de "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura"? O DCU parece estar aprendendo com essa experiência.
O fator James Gunn: vantagem ou risco?
Como cineasta que já trabalhou em ambos os universos, Gunn traz uma perspectiva única. Seus filmes dos Guardiões da Galáxia demonstraram como equilibrar:
Continuidade do universo compartilhado
Estilo visual e tom distintos
Desenvolvimento de personagens profundos
No entanto, há quem questione se essa abordagem mais orgânica pode funcionar em escala. A Marvel construiu seu sucesso justamente na interdependência entre projetos - o que mantinha os fãs engajados entre um lançamento e outro. Será que o DCU conseguirá manter o mesmo nível de hype sem recorrer a cliffhangers e cruzamentos obrigatórios?
Gunn parece acreditar que sim, citando o sucesso de filmes como "The Batman" de Matt Reeves, que existe fora do DCU principal. "Quando as histórias são boas o suficiente, elas criam seu próprio momentum", argumentou. "Não precisamos de truques narrativos para manter as pessoas interessadas."
Com informações do: Cinema Blend