Atriz israelense comenta impacto de pressão política em Hollywood

Em uma entrevista recente concedida a jovens jornalistas israelenses no espectro autista, Gal Gadot revelou que acreditava que o remake live-action de "Branca de Neve" seria "um grande sucesso". No entanto, os eventos de 7 de outubro de 2023 e suas consequências mudaram esse cenário.

O peso da geopolítica no cinema

"O que está acontecendo em vários setores, incluindo Hollywood, é que há muita pressão sobre celebridades para se posicionarem contra Israel", explicou Gadot, que serviu nas Forças de Defesa de Israel (IDF) entre 2004 e 2009.

A atriz trabalhou com Rachel Zegler no filme, descrevendo a experiência como "divertida" e cheia de risadas. Mas a parceria foi ofuscada quando Zegler publicou "e sempre lembre, Palestina livre" no X (antigo Twitter), após o lançamento do trailer.

  • Filme foi banido no Líbano

  • Bilheteria ficou abaixo das expectativas

  • Debate político ofuscou o trabalho artístico

Quando a arte encontra a realidade

Gadot expressou frustração com a situação: "Você pode tentar explicar e dar contexto sobre o que está acontecendo em Israel, mas no final as pessoas decidem por si mesmas. Fiquei decepcionada que o filme foi tão afetado por isso e não teve bom desempenho nas bilheterias."

O caso levanta questões interessantes: até que ponto as opiniões políticas dos atores devem influenciar a recepção de suas obras artísticas? E como o cinema navega nesse terreno minado quando conflitos geopolíticos se intensificam?

Para mais detalhes sobre a polêmica envolvendo Rachel Zegler, veja a reportagem completa no TheWrap.

O dilema das celebridades em conflitos globais

O caso de Gadot não é isolado. Nos últimos anos, várias estrelas de Hollywood enfrentaram situações semelhantes quando seus países de origem se envolveram em conflitos internacionais. O ator iraniano Navid Negahban, por exemplo, relatou ter perdido oportunidades após se recusar a condenar publicamente o governo de seu país natal.

"Há uma expectativa crescente de que artistas devem ser embaixadores não oficiais de suas nações", observa a crítica cultural Marina Abramov em seu livro Arte sob Fogo. "Mas isso coloca uma carga injusta sobre indivíduos que podem não ter expertise política ou desejo de assumir esse papel."

O impacto nas bilheterias além das fronteiras

Dados do Box Office Mojo mostram que "Branca de Neve" teve desempenho particularmente fraco em mercados muçulmanos e países com grandes populações árabes. Na Malásia, o filme arrecadou apenas 15% do que foi previsto inicialmente.

  • Arrecadação 78% abaixo do esperado no Oriente Médio

  • Protestos em campus universitários nos EUA durante exibições

  • Campanhas nas redes sociais pedindo boicote ao filme

Curiosamente, o fenômeno não se limitou a regiões tradicionalmente associadas ao conflito israelo-palestino. Na Coreia do Sul, grupos estudantis organizaram pequenos protestos contra o que chamaram de "normalização da ocupação" através da cultura pop.

Quando o passado militar ressurge

O serviço militar de Gadot nas IDF - um requisito para a maioria dos jovens israelenses - tornou-se um ponto focal nas críticas. Arquivos de treinamento básico que circularam online mostraram a atriz em uniforme, o que alguns ativistas interpretaram como endosso tácito às políticas israelenses.

"É irônico", reflete o professor de estudos cinematográficos David Feldman. "Muitos atores americanos glorificam papéis militares em filmes, mas quando uma estrela internacional tem experiência militar real de seu país, isso se torna um passivo."

Para Gadot, essa dualidade é particularmente dolorosa. Em entrevistas anteriores, ela descreveu seu serviço como uma obrigação cívica, não uma escolha política. "Quando você tem 18 anos em Israel, você serve. Ponto final", declarou em 2017 ao Vanity Fair.

O preço da visibilidade global

A ascensão de Gadot como estrela internacional - especialmente através do icônico papel de Mulher-Maravilha - a colocou em uma posição única. Enquanto muitos atores podem evitar comentários sobre política externa, sua nacionalidade e fama a tornaram involuntariamente uma figura representativa.

"Celebridades de países menores ou em conflito carregam um fardo diferente", explica a psicóloga social Amira Hassan, que estuda o fenômeno. "Elas são vistas não apenas como artistas, mas como embaixadoras de culturas inteiras - querendo ou não."

Esse peso ficou evidente quando Gadot postou uma mensagem pedindo paz após os ataques de 7 de outubro. Apesar de seu tom moderado, a publicação recebeu mais de 200 mil respostas, muitas delas acusando-a de "apaziguamento" ou "falsa neutralidade".

Com informações do: The Wrap