Relatos chocantes emergem em julgamento contra ex-executivos da Ubisoft
Um julgamento na França está revelando detalhes perturbadores sobre a cultura corporativa na Ubisoft, uma das maiores empresas de jogos do mundo. Funcionários testemunharam sobre um ambiente de trabalho marcado por assédio sexual sistemático e práticas humilhantes que teriam sido toleradas - quando não incentivadas - por altos executivos.
Os depoimentos incluem relatos de funcionários sendo amarrados em cadeiras, forçados a fazer flexões e submetidos a comentários sexuais constantes. "Era como se estivéssemos em um filme distópico sobre escritórios", comentou uma fonte próxima ao caso.
Os principais acusados e o padrão de comportamento
Os ex-executivos Serge Hascoet, Tommy Francois e Guillaume Patrux são os principais alvos das acusações. Testemunhas descrevem um sistema hierárquico onde esse comportamento não apenas era ignorado, mas em muitos casos vinha diretamente dos níveis mais altos da empresa.
Comentários sexistas durante reuniões de trabalho
Práticas humilhantes como "rituais de iniciação"
Falta de canais seguros para denúncias
Retaliação contra quem tentava falar sobre o problema
O que mais choca nesses relatos é a aparente normalização dessas práticas. Muitos funcionários relatam que, com o tempo, passaram a aceitar essas situações como parte da cultura da empresa.
O impacto na indústria de jogos
Esse caso se soma a uma série de escândalos que têm abalado a indústria de games nos últimos anos. A Ubisoft, responsável por franquias populares como Assassin's Creed e Far Cry, já havia enfrentado denúncias anteriores sobre cultura tóxica, mas os detalhes que emergem agora são particularmente graves.
Especialistas em direito trabalhista apontam que casos como esse revelam falhas sistêmicas na forma como muitas empresas de tecnologia lidam com assédio e discriminação. "Quando o comportamento problemático vem do topo, criar mudanças reais se torna extremamente difícil", explica uma advogada especializada em casos corporativos.
Para mais detalhes sobre o caso, consulte a reportagem original.
Reações da comunidade e consumidores
Os relatos do julgamento têm gerado ondas de indignação entre fãs e profissionais da indústria. Nas redes sociais, hashtags como #BoycottUbisoft e #MeTooGaming ganharam força, com muitos jogadores questionando se devem continuar apoiando financeiramente a empresa.
"Como consumidor, me sinto traído", escreveu um usuário no Reddit. "Adoro os jogos deles, mas não quero meu dinheiro indo para uma empresa que trata seus funcionários dessa maneira." Outros apontam para a ironia de uma empresa que frequentemente inclui temas de justiça social em seus jogos, mas falha em praticá-los internamente.
Mudanças recentes e desafios contínuos
Desde que as primeiras denúncias surgiram em 2020, a Ubisoft prometeu reformas significativas. A empresa afirma ter demitido vários executivos envolvidos em comportamentos inadequados e implementado novos protocolos contra assédio. Mas muitos funcionários atuais e antigos permanecem céticos.
Criação de um comitê de ética interno
Treinamentos obrigatórios sobre diversidade e inclusão
Novos canais de denúncia supostamente mais seguros
Contratação de mais mulheres para cargos de liderança
"Mudar uma cultura corporativa arraigada não acontece da noite para o dia", admite um atual gerente da Ubisoft que pediu para não ser identificado. "Estamos tentando, mas ainda há resistência em alguns departamentos."
O papel dos sindicatos e da legislação
Especialistas argumentam que casos como esse destacam a necessidade de maior proteção legal para trabalhadores da indústria de tecnologia e jogos. Na França, onde a Ubisoft tem sua sede, os sindicatos têm pressionado por regulamentações mais rígidas contra assédio no ambiente de trabalho.
"As empresas de jogos muitas vezes operam como ilhas, com suas próprias regras", explica um representante do sindicato francês STJV. "Precisamos de mecanismos externos de fiscalização que realmente tenham poder para intervir quando as políticas internas falham."
Enquanto isso, o julgamento continua revelando novos detalhes perturbadores. Uma testemunha recente descreveu como os executivos mantinham uma "lista de classificação" de funcionárias com base em sua aparência física. Outra falou sobre ser deliberadamente colocada em projetos menores após rejeitar avanços sexuais de um superior.
O caso também levantou questões sobre o papel dos recursos humanos da empresa. Várias testemunhas afirmam que as denúncias eram frequentemente arquivadas sem investigação adequada, ou pior, resultavam em retaliação contra quem as fazia.
Com informações do: gamesindustry