O retorno da franquia Final Destination

Quase 15 anos após o último filme da franquia Final Destination, os roteiristas e diretores Zach Lipovsky e Adam B. Stein revitalizaram a série com Final Destination: Bloodlines, uma atualização moderna que rapidamente se tornou o maior sucesso de bilheteria da franquia.

O novo filme - mais uma vez sobre a morte como uma força vingativa que persegue ativamente os sobreviventes de um desastre predestinado - ecoa o estilo dos filmes anteriores, mas com uma nova reviravolta. Desta vez, uma das sobreviventes do acidente original viveu o suficiente para ter filhos e netos que nunca teria tido se tivesse morrido jovem, então a morte vem atrás deles também.

Uma dinâmica familiar diferente

Lipovsky e Stein explicaram em uma entrevista que parte da dinâmica de Bloodlines é uma conexão emocional mais forte entre o público e o elenco. Stein afirma que assistir uma família colaborando para lutar contra a morte, em vez do habitual grupo de amigos ou estranhos da franquia, "torna o filme muito mais complexo e interessante, porque você realmente acaba se importando muito".

Ele diz que a forma como a família central sofre à medida que são eliminados um por um lhes dá "profundidade extra e identificação emocional", e um senso de urgência maior enquanto tentam proteger uns aos outros.

No entanto, os diretores reconhecem que as reviravoltas familiares, em termos de quem está e quem não está na lista da morte, deixaram os fãs da série com duas grandes dúvidas. E eles querem que os fãs entendam a lógica do filme sobre quem vive e quem morre.

As grandes questões respondidas

No filme, quando Erik (Richard Harmon) sobrevive milagrosamente a um acidente bizarro na loja de tatuagens onde trabalha, Stefani começa a questionar se tudo o que aprendeu com Iris era apenas uma ilusão paranóica. Mas então é revelado que Erik não é realmente filho de Howard, sendo resultado de um caso extraconjugal.

Isso parece colocá-lo fora da linhagem amaldiçoada de Iris. Mas ele morre mesmo assim, em outro acidente complicado e grotesco. Então, por que a morte foi atrás dele?

Stein explica que a resposta vem de William Bludworth, o agente funerário interpretado por Tony Todd: "Quando você mexe com a morte, as coisas ficam confusas".

Neste caso, "mexer com a morte" significa a forma como Erik tenta interferir em nome de seu irmão Bobby, tentando "enganar" a morte e evitar o destino de Bobby parando momentaneamente seu coração em um hospital, onde poderia ser imediatamente ressuscitado.

Stein também acredita que a morte tem um senso de humor sombrio. "A outra grande questão é: por que a morte pega Erik na loja de tatuagens, quando ele não é o próximo?", diz ele. "Nós sempre gostamos da ideia de que a morte tem um senso de brincadeira. Assim como um pescador pode pegar um peixe sem a intenção de matá-lo, fisgar o peixe e depois soltá-lo, é exatamente isso que a morte está fazendo com Erik naquela cena da loja de tatuagens."

Esse elemento de comédia sombria, diz Stein, é o que torna os filmes de Final Destination distintos. "O que torna [Bloodlines] mais rico como experiência de visualização é que nos filmes anteriores, você acaba torcendo mais pela morte do que pelos personagens, porque a morte é tão inteligente, a forma como trabalha. Sua magia estilo Rube Goldberg é tão divertida de assistir."

O legado de Tony Todd como William Bludworth

A volta de Tony Todd como o misterioso agente funerário William Bludworth foi um dos elementos mais celebrados pelos fãs em Bloodlines. Lipovsky revela que quase cortaram o personagem em versões iniciais do roteiro: "Tínhamos dúvidas se deveríamos trazer de volta essa figura icônica ou criar algo totalmente novo. Mas quando Tony entrou no set com aquele sorriso enigmático, soubemos que era a decisão certa."

Stein acrescenta que Bludworth tem um papel mais ativo nesta sequência: "Desta vez, ele não está apenas dando avisos obscuros. Há uma cena crucial onde ele quase parece estar negociando com a morte, como se entendesse seu funcionamento melhor do que qualquer um."

A evolução das mortes criativas

Os diretores passaram meses trabalhando com especialistas em efeitos práticos para criar sequências de morte que fossem ao mesmo tempo absurdamente elaboradas e fisicamente plausíveis. "Queríamos que o público pensasse 'Isso poderia realmente acontecer comigo?' enquanto ri nervosamente", diz Lipovsky.

Uma das cenas mais discutidas envolve um acidente com uma máquina de pipoca industrial. "Pesquisamos acidentes reais com equipamentos comerciais", explica Stein. "Há algo particularmente perturbador em objetos cotidianos se tornarem armas mortais."

Os fãs mais atentos notarão referências visuais às mortes dos filmes anteriores:

  • O uso de líquidos inflamáveis ecoa o acidente com gasolina em Final Destination 2

  • Uma sequência envolvendo cabos elétricos homenageia a morte de Terry Chaney no primeiro filme

  • O tema da água corrente aparece em vários momentos, ligando-se à premonição de Final Destination 5

O futuro da franquia

Com o sucesso de bilheteria, já há conversas sobre possíveis sequências. Lipovsky adianta: "Temos ideias para explorar outras culturas e suas visões sobre a morte. Imagine como seria a lista da morte segundo a mitologia nórdica ou as tradições japonesas."

Stein revela que uma cena cortada do filme atual pode se tornar o ponto de partida para uma nova história: "Filmamos uma sequência inteira num cemitério abandonado que acabou não entrando no corte final. Mas aquelas imagens nos deram muitas ideias sobre como a morte opera em espaços já dedicados a ela."

Os diretores também comentam sobre a possibilidade de crossover com outras franquias de terror. "Já brincamos com a ideia de Jason Voorhees versus a Morte", ri Lipovsky, "mas acho que a Morte venceria facilmente."

Com informações do: Polygon