Elio da Pixar: Uma Jornada de Coração e Ficção Científica

O novo filme da Pixar, dirigido por Domee Shi de 'Red: Crescer é uma Fera', mira as estrelas em uma aventura emocionante.

© Pixar

Uma História Original da Pixar

Elio representa a Pixar no seu melhor, oferecendo uma jornada extraordinária repleta de maravilhas da ficção científica. A diretora Domee Shi e a co-diretora Madeline Sharafian criam uma aventura de amadurecimento atemporal que segue o sucesso do aclamado Red: Crescer é uma Fera, estabelecendo um novo padrão para as histórias do estúdio.

Através do encontro próximo de seu personagem principal, o filme aborda de forma inteligente a experiência ressonante de se sentir sozinho contra um pano de fundo de visuais imaginativos que ilustram a vastidão do universo. Captura o desejo que temos de encontrar significado não apenas nas estrelas, mas diante da perda, que pode parecer tão isoladora quanto estar perdido no espaço.

Personagens e Emoções

É o que Elio (Yonas Kibreab) sente quando é acolhido por sua tia Olga (Zoe Saldaña) enquanto enfrenta a dor inimaginável de perder os pais ainda jovem. Seu trauma existencial se reflete em sua fixação por alienígenas e em ser transportado para longe de seus problemas na Terra, que incluem alguns valentões e ser ridicularizado por fazer círculos na areia. Enquanto isso, sua tia, que trabalha em uma base militar como rastreadora de detritos espaciais, mascara sua dor mergulhando no trabalho para sustentar o sobrinho.

A vida de Elio dá uma guinada quando seus sonhos se realizam e ele faz primeiro contato com alienígenas através de seu dispositivo protótipo de sinal de rádio. É muito cativante no estilo Amblin, com crianças em uma base militar se divertindo e mexendo em tecnologia governamental para criar coisas quando estão entediadas. É assim que Elio quase faz amizade com outro filho de militar, mas acaba sendo transportado sozinho antes que se metam em problemas.

Uma Aventura Intergaláctica

A partir daqui, Elio meio que consegue tudo o que queria: é transportado para o centro do Comuniverso, uma aliança galáctica das formas de vida mais pacíficas do espaço que confundiu Elio com o representante da Terra solicitando adesão.

No entanto, um encontro com o dominador Lorde Grigon (Brad Garrett) leva Elio a uma aventura que nunca poderia ter imaginado, forçado a se levantar contra as tentativas hostis de Grigon de se juntar ao Comuniverso pela força. Ao fazer amizade com o filho renegado de Grigon, Glordon (Remy Edgerly), Elio precisa salvar o dia e aprender a formar um vínculo com seu novo e improvável amigo - e perceber que alguns traumas são experiências universais, seja para humanos ou alienígenas.

O vínculo em desenvolvimento entre esses dois jovens de mundos literalmente diferentes é o que dá a Elio seu excelente coração, que brilha junto com o espetáculo de seu imaginário luxuriante de um universo de ficção científica.

Elio estreia nos cinemas em 20 de junho.

O Universo Visual de Elio

O que realmente impressiona em Elio é a riqueza visual do universo criado pela equipe da Pixar. Cada planeta e criatura alienígena parece ter sido meticulosamente pensado, com designs que equilibram o estranhamento e a familiaridade. Os alienígenas do Comuniverso, por exemplo, não são simplesmente humanos com antenas – eles possuem formas e texturas que desafiam nossa compreensão de biologia, mas ainda assim transmitem emoções reconhecíveis.

Um destaque particular é a representação do espaço. Ao contrário de muitas produções que retratam o cosmos como um vazio escuro e ameaçador, aqui ele brilha com cores vibrantes e nebulosas que parecem pintadas à mão. Essa escolha artística reforça o tema central do filme: mesmo na vastidão do universo, há beleza e conexão a serem encontradas.

O Poder da Narração

A estrutura narrativa de Elio merece atenção especial. O filme alterna habilmente entre momentos de ação intensa e cenas mais introspectivas, dando espaço para os personagens – e o público – processarem os eventos. Essa abordagem é particularmente eficaz nas sequências em que Elio e Glordon começam a superar suas diferenças. Em vez de uma amizade instantânea, vemos um processo gradual de compreensão mútua, cheio de tropeços e mal-entendidos culturais que muitas vezes resultam em cenas genuinamente engraçadas.

E falando em humor, Elio mantém a tradição da Pixar de incluir piadas que funcionam em múltiplos níveis. Há a comédia física que diverte as crianças, mas também observações mais sutis sobre a condição humana que certamente ressoarão com o público adulto. Particularmente memorável é uma sequência em que os protocolos diplomáticos alienígenas são parodiados, revelando como até mesmo civilizações avançadas podem ficar presas em burocracias ridículas.

Trilha Sonora e Atmosfera

A trilha sonora composta por Ludwig Göransson merece menção especial. Ela combina elementos eletrônicos futuristas com temas mais orgânicos e emocionais, criando uma ponte musical entre a Terra e o espaço. Em certos momentos, a música quase se torna um personagem por direito próprio, especialmente durante as sequências mais contemplativas do filme.

E se você está se perguntando como a Pixar lida com aquele momento emocional obrigatório que faz todo mundo chorar – bem, sem spoilers, mas prepare os lenços. A equipe de roteiro encontrou uma maneira surpreendente e bela de explorar o luto e a aceitação, usando a metáfora do espaço de uma forma que poucos filmes de ficção científica tentaram.

Representação e Inclusão

Vale destacar também como Elio continua a tradição recente da Pixar de apresentar protagonistas diversos. Elio é um dos poucos personagens principais negros nos filmes do estúdio, e sua história é contada sem estereótipos ou tokenismo. A representação de sua relação com a tia Olga também oferece uma visão rara de estruturas familiares não tradicionais no cinema infantil.

Os alienígenas, por sua vez, servem como um espelho divertido e às vezes incômodo de nossas próprias idiossincrasias culturais. Uma espécie particularmente memorável comunica-se exclusivamente através de cheiros, levando a alguns momentos hilários quando Elio tenta negociar com eles. Esses detalhes criativos mostram como a Pixar continua a inovar na construção de mundos, mesmo três décadas após seu primeiro longa-metragem.

O Futuro da Pixar

Com Elio, a Pixar parece estar encontrando um novo equilíbrio entre suas raízes narrativas e a ambição visual. O filme lembra em espírito os primeiros trabalhos do estúdio, onde a tecnologia servia à história em vez de dominá-la. Ao mesmo tempo, os avanços na animação são inegáveis – especialmente na maneira como a luz interage com diferentes superfícies e materiais, desde a areia do deserto até as carapaças metálicas dos alienígenas.

É interessante notar como Domee Shi, após o sucesso de Red: Crescer é uma Fera, optou por algo tão diferente em escala e tema. Enquanto Red era íntimo e pessoal, Elio é expansivo e cósmico. No entanto, ambos compartilham um olhar atento para as complexidades da adolescência e a universalidade das emoções humanas – ou, neste caso, intergalácticas.

Com informações do: gizmodo