Nightreign e a quebra de expectativas em Elden Ring
Enquanto a indústria de jogos segue obcecada com mecânicas de extração e loot, Elden Ring: Nightreign tenta seguir um caminho diferente. Mas será que essa escolha realmente beneficiou a experiência do jogador? A fuga de Limveld com nossos tesouros poderia ter sido a solução para alguns dos problemas mais frustrantes do jogo.

Image credit: FromSoftware
Os desafios da randomização excessiva
Um dos principais pontos de crítica contra Nightreign está em sua aleatoriedade descontrolada. Ao contrário de outros jogos do gênero que usam sistemas de extração para dar propósito à coleta de itens, aqui nos deparamos com:
Eventos sem conexão clara com a narrativa
Recompensas que frequentemente não justificam o esforço
Mecânicas de progressão que parecem deliberadamente obscuras
Image credit: FromSoftware
E o pior? Muitos jogadores relatam que a sensação de conquista após superar desafios difíceis é minada pela imprevisibilidade dos resultados. Você já passou horas em uma dungeon apenas para receber um item completamente inútil para sua build?
O que poderia ter sido diferente
Curiosamente, a adição de um sistema de extração mais tradicional poderia ter resolvido vários desses problemas. Imagine se aquela fuga épica de Limveld - um dos momentos mais memoráveis da expansão - tivesse consequências mais tangíveis para sua jornada.
Alguns fãs argumentam que a FromSoftware perdeu uma oportunidade de ouro aqui. Em vez de reinventar completamente a roda, poderiam ter adaptado elementos de jogos como Tarkov ou Diablo para criar um sistema mais satisfatório.
Mas será que isso não iria contra a filosofia de design da série? Afinal, parte do charme dos jogos Souls sempre foi sua abordagem única e muitas vezes impiedosa. Talvez o problema real não seja a ausência de mecânicas de extração, mas sim como a aleatoriedade foi implementada sem um propósito claro.
O potencial não explorado da fuga de Limveld
A sequência de fuga de Limveld representa um dos momentos mais cinematográficos de Nightreign, mas também um dos mais subutilizados em termos de mecânicas. Enquanto você corre desesperadamente carregando tesouros roubados, o jogo poderia ter implementado:
Um sistema de peso/inventário que forçasse escolhas difíceis sobre o que levar
Consequências permanentes baseadas nos itens que você conseguiu resgatar
Opções alternativas de rota que afetassem o desfecho da missão
Em vez disso, o que temos é uma experiência essencialmente scriptada onde suas ações têm pouco impacto real. Não seria mais interessante se cada fuga fosse única, com combinações diferentes de tesouros e inimigos perseguidores?
Quando a inovação se torna obstinação
Há uma linha tênue entre inovar por necessidade criativa e rejeitar mecânicas consagradas por pura teimosia. Nightreign frequentemente parece cair no segundo caso. Tomemos como exemplo o sistema de crafting:
Enquanto jogos de extração usam materiais coletados para criar equipamentos progressivamente melhores, aqui os recursos muitas vezes servem apenas para itens descartáveis ou melhorias marginais. O que poderia ser uma jornada gratificante de aprimoramento acaba se tornando uma tarefa burocrática.
E os chefes? Esses sim poderiam ter se beneficiado de uma abordagem mais tradicional. Imagine derrotar um inimigo especialmente desafiador e, em vez de receber uma arma aleatória que pode não combinar com seu estilo de jogo, poder escolher entre três opções cuidadosamente curadas. Não seria isso mais justo após horas de tentativas frustradas?
Lições que outros jogos poderiam ensinar
É intrigante pensar como algumas mecânicas de RPGs menos conhecidos poderiam ter elevado Nightreign. Jogos como Outward demonstraram como sistemas de sobrevivência e consequências permanentes podem coexistir com exploração aberta.
Ou mesmo dentro do próprio catálogo da FromSoftware, Bloodborne já havia experimentado com elementos de dungeon aleatória nos Chalice Dungeons - um sistema que, apesar de suas falhas, oferecia uma sensação mais clara de progressão e recompensa.
Talvez o maior problema seja que Nightreign tenta ser muitas coisas ao mesmo tempo: um jogo Souls tradicional, uma experiência narrativa expansiva e uma tentativa de inovar em sistemas de progressão - tudo isso sem comprometer totalmente com nenhuma dessas visões. O resultado é uma experiência que frequentemente se sente diluída em vez de diversificada.
Com informações do: PC Gamer