Disney adquire parte restante da Comcast na Hulu

A Disney pagará à NBCUniversal, controlada pela Comcast, US$ 438,7 milhões para adquirir a participação remanescente da empresa no serviço de streaming Hulu. O acordo foi revelado em um documento arquivado na SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) nesta segunda-feira.

O valor será registrado no terceiro trimestre fiscal de 2025 da Disney como "lucro líquido atribuível a interesses não controladores" e deve ser excluído do cálculo do lucro por ação ajustado da empresa.

O caminho até a aquisição total

Esta transação representa o capítulo final de um processo que começou em novembro de 2023, quando a NBCUniversal exerceu seu direito de exigir que a Disney comprasse sua participação de 33% na Hulu. Inicialmente, a Disney estabeleceu um valor mínimo garantido de US$ 27,5 bilhões para a participação total na plataforma.

As duas empresas entraram em arbitragem confidencial em maio de 2024 após discordarem sobre o valor justo da Hulu. Um avaliador independente determinou o valor adicional que a Disney deveria pagar - significativamente menor do que os US$ 5 bilhões que a NBCUniversal poderia ter recebido se sua avaliação fosse aceita.

Repercussões do acordo

Bob Iger, CEO da Disney, afirmou em comunicado: "Estamos satisfeitos por isso estar finalmente resolvido. Tivemos uma parceria produtiva com a NBCUniversal e lhes desejamos boa sorte. A conclusão da aquisição da Hulu abre caminho para uma integração mais profunda e contínua do conteúdo de entretenimento geral da Hulu com o Disney+ e, em breve, com o produto direto ao consumidor da ESPN."

Por sua vez, um representante da Comcast destacou: "A Hulu foi um ótimo começo para nós no streaming, que gerou quase US$ 10 bilhões em receita para a Comcast e criou uma audiência importante para o conteúdo de classe mundial da NBCUniversal."

Com a conclusão desta transição, prevista para ocorrer até 24 de julho, a Disney passará a deter 100% da Hulu, consolidando seu portfólio de streaming que inclui Disney+, ESPN+ e a futura plataforma ESPN direto ao consumidor.

O impacto no mercado de streaming

A consolidação da Hulu sob o controle total da Disney ocorre em um momento crucial para o setor de streaming, que enfrenta pressões por rentabilidade após anos de crescimento acelerado. Analistas apontam que a aquisição pode permitir à Disney otimizar custos operacionais e criar sinergias entre suas plataformas. Mas será que essa estratégia vai realmente se traduzir em vantagem competitiva?

Dados recentes mostram que o pacote Disney Bundle (Disney+, Hulu e ESPN+) já responde por cerca de 40% das assinaturas de streaming nos EUA. Com a integração completa, a empresa poderá oferecer experiências mais personalizadas - imagine poder assistir a conteúdos da FX (que pertence à Disney) diretamente na interface da Hulu, sem necessidade de apps separados.

Desafios na integração das plataformas

Apesar das oportunidades, a transição não será simples. Fontes internas relatam que equipes técnicas já trabalham há meses para resolver questões complexas de:

  • Migração de dados de assinantes

  • Unificação de sistemas de recomendação de conteúdo

  • Integração de tecnologias de DRM (gestão de direitos digitais)

  • Harmonização de interfaces de usuário

Um ex-funcionário da Hulu, que pediu para não ser identificado, comentou: "Há culturas corporativas muito diferentes entre as equipes. A Disney tende a processos mais hierárquicos, enquanto a Hulu sempre teve uma abordagem mais ágil. Essa diferença pode criar atritos durante a integração."

O futuro do conteúdo adulto na plataforma

Uma das grandes interrogações é como a Disney, conhecida por seu conteúdo familiar, lidará com o catálogo de programação adulta da Hulu - incluindo séries como "The Handmaid's Tale" e "The Bear". Embora executivos tenham garantido que não haverá censura, investidores questionam se a marca Disney pode afastar parte do público atual da plataforma.

Curiosamente, a solução pode estar na tecnologia. Rumores indicam que a empresa estaria desenvolvendo um sistema de "perfis inteligentes" que automaticamente adaptaria a interface e recomendações com base no histórico de visualização do usuário - mantendo conteúdos adultos visíveis apenas para perfis apropriados.

Reação dos concorrentes

Enquanto isso, outros players do mercado já começam a se reposicionar. A Warner Bros. Discovery acelerou os planos de integração entre Max e Discovery+, enquanto a Paramount Global anunciou parcerias com varejistas para oferecer assinaturas combinadas do Paramount+ com outros serviços.

Netflix, por sua vez, parece estar adotando uma estratégia diferente. Em vez de consolidar plataformas, a empresa está investindo pesado em conteúdo localizado - apenas no último trimestre, lançou mais de 30 produções originais em línguas não-inglesas. Será que a aposta na diversidade pode ser mais eficaz que a consolidação?

Com informações do: The Wrap