A Surpresa Dupla no Universo de Predador
Os fãs de cinema foram pegos de surpresa com o anúncio de não um, mas dois novos filmes da franquia Predador em 2025. Enquanto o aguardado longa live-action Predador: Badlands com Elle Fanning já era conhecido, o projeto animado Predador: Matador de Matadores surgiu praticamente do nada. Diretor Dan Trachtenberg e co-diretor Josh Wassung revelaram em entrevista exclusiva como essa produção inovadora - que chega ao Hulu em 6 de junho - nasceu de uma colaboração criativa improvável.
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Três Ideias, Dois Filmes e Uma Parceria
Após o sucesso de Prey, Trachtenberg mergulhou no desafio de criar sequências que fossem "algo legal por si só" em vez de meras continuações. "Três ideias incríveis surgiram", revelou o diretor. "Uma delas era Badlands, outra Matador de Matadores, e a terceira ainda está por vir". Executar dois projetos simultaneamente exigiu parceria, encontrada em Josh Wassung, cofundador da The Third Floor, empresa especializada em visualização cinematográfica.
Wassung lembra o momento decisivo: "Estávamos desenvolvendo uma nova divisão de animação quando alguém soltou: 'Não seria incrível fazer um filme animado do Predador?' Foi quase bom demais para ser verdade". A química criativa entre os dois, construída durante Prey, transformou esse sonho em realidade, com Trachtenberg trazendo sua experiência em franquias e Wassung contribuindo com expertise técnica e artística.

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Uma Estrutura Narrativa Revolucionária
A estrutura de Matador de Matadores quebra padrões: três histórias aparentemente independentes - seguindo um guerreiro viking, um ninja feudal e um piloto da Segunda Guerra - convergem numa narrativa única. Trachtenberg explica a virada criativa: "Primeiro pensei em Twilight Zone: O Filme, mas então percebi que Pulp Fiction era um modelo melhor de antologia interconectada".
O que torna essa abordagem particularmente interessante? A forma como expande o universo Predador de maneiras inesperadas, explorando períodos históricos distintos enquanto mantém a essência da franquia: ação visceral, tecnologia alienígena icônica e a subversão de expectativas que fez o original brilhar. Afinal, quem não se lembra daquele momento no primeiro filme quando o que parecia um thriller militar de repente vira ficção científica?

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A dupla de diretores enfatiza como Matador de Matadores preserva o DNA dos melhores filmes da série enquanto introduz elementos radicalmente novos. Wassung reflete sobre o processo: "Havia algo eletrizante em unir técnicas de visualização avançada com essa mitologia rica - como se estivéssemos dando vida a algo que os fãs nem sabiam que queriam". Trachtenberg acrescenta: "O Predador sempre funcionou melhor quando surpreende, e essa animação levará isso a outro nível".
Para quem pensava que animação seria um formato secundário para a franquia, as primeiras impressões sugerem o contrário. Os fãs poderão conferir por si mesmos quando o filme estrear, e as conversas sobre suas implicações para o universo Predador certamente continuarão muito além da data de lançamento.
A Magia Técnica por Trás da Animação
Criar um Predador convincente em animação apresentou desafios únicos. Wassung revela detalhes fascinantes: "A textura da pele do Predador exigiu um novo motor de renderização. Queríamos que cada gota de chuva escorresse de forma diferente sobre sua armadura alienígena". A equipe desenvolveu algoritmos específicos para simular como os padrões de camuflagem reagiriam em ambientes tão diversos quanto uma tempestade nórdica e uma floresta japonesa à luz do luar.
Trachtenberg complementa com um exemplo prático: "No segmento do piloto da Segunda Guerra, quando o Predador ativa sua visão térmica dentro do cockpit, precisávamos que o calor dos controles metálicos, o frio do vidro do canopy e o calor corporal do piloto criassem camadas distintas. Foram meses só para aperfeiçoar esse efeito". E você já parou para pensar como seria desafiador animar aquelas mandíbulas icônicas em diferentes ângulos de iluminação?
O Paradoxo Histórico-Criativo
Mergulhar em três períodos históricos distintos exigiu pesquisa meticulosa seguida de liberdade criativa. "Consultamos historiadores de armamento medieval", explica Wassung, "mas depois tivemos que imaginar como um guerreiro viking reagiria à tecnologia alienígena. Essa tensão entre autenticidade e ficção foi nosso maior desafio - e maior alegria".
Trachtenberg compartilha uma descoberta curiosa: "Ao estudar táticas ninja, encontramos paralelos surpreendentes com o comportamento do Predador. Ambos valorizam paciência, observação e ataques precisos. Isso nos levou a criar sequências onde caçador e caça se espelham de formas perturbadoras". Não é irônico como um alienígena criado nos anos 80 pode revelar tanto sobre tradições marciais ancestrais?
A equipe de arte desenvolveu paletas de cores distintas para cada era: tons terrosos e crus para o mundo viking, contrastando com o preto-e-branco expressionista dos combates aéreos. "Quase como três curtas-metragens com identidades visuais únicas", reflete Wassung, "que gradualmente se fundem quando as histórias colidem". Essa abordagem permitiu explorar uma pergunta intrigante: como a mesma ameaça extraterrestre seria percebida por culturas separadas por séculos?
Reinventando um Ícone Pop
Ao transferir o Predador para a animação, a equipe enfrentou o dilema de manter a essência enquanto introduzia novidades. Trachtenberg revela: "Preservamos os cliques guturais e o riso característico, mas criamos novos sons para tecnologia nunca vista. Quando o Predador usa um dispositivo de teletransporte pela primeira vez, queríamos que soasse tão alienígena quanto parece".
O design do próprio Predador sofreu sutis mas significativas alterações. Wassung detalha: "Mantivemos a silhueta icônica, mas adaptamos detalhes da armadura para cada período. No segmento feudal, por exemplo, ele incorpora padrões que lembram lâminas de katana - uma evolução visual que conta uma história por si só". Essa atenção aos detalhes levanta questões fascinantes sobre como a criatura poderia adaptar-se culturalmente às suas presas.
Curiosamente, a liberdade da animação permitiu explorar aspectos da fisiologia do Predador que o live-action sempre sugeriu mas nunca mostrou claramente. "Há uma cena onde vemos seu sistema circulatório reagir ao frio extremo", adianta Trachtenberg, "algo que seria quase impossível de fazer realisticamente em ação real". E quem imaginaria que veríamos um Predador enfrentando hipotermia em um fiorde norueguês?
Com informações do: gizmodo