O plano original que quase mudou o destino de John Wick
Em uma revelação surpreendente, o diretor Chad Stahelski contou em entrevista ao Comicbook que o primeiro roteiro de John Wick era radicalmente diferente do que conhecemos hoje. Chamado inicialmente de Scorn, o projeto apresentado por Keanu Reeves previa que o personagem mataria apenas 2 ou 3 pessoas no filme inteiro - um contraste gritante com os 77 mortos apenas no primeiro filme da franquia.
Stahelski quase recusou o convite para dirigir, achando que seu estilo não se encaixaria nesse conceito mais contido. "Era muito diferente, uma coisa de guerra fria", descreveu o diretor. Mas quem poderia imaginar que essa rejeição inicial se transformaria em uma das franquias de ação mais icônicas da última década?
Da guerra fria ao banho de sangue: como a visão mudou
O que começou como um drama psicológico sobre um ex-assino se transformou em um espetáculo de ação meticulosamente coreografado. Stahelski e Reeves trabalharam juntos para reinventar completamente o projeto, mantendo a essência do personagem mas ampliando exponencialmente a violência estilizada que se tornou marca registrada da série.
E os números mostram que a aposta valeu a pena:
John Wick (2014): US$ 86 milhões
John Wick 2 (2017): US$ 171 milhões
John Wick 3 (2019): US$ 327 milhões
John Wick 4 (2023): US$ 440 milhões
Além do sucesso financeiro, a franquia revitalizou a carreira de Keanu Reeves e estabeleceu um novo padrão para filmes de ação, influenciando diversos outros projetos cinematográficos.
E se...? O John Wick que quase vimos
O conceito original focaria mais no drama do personagem do que na vingança sangrenta. A referência à "Guerra Fria" sugere um tom mais tenso e psicológico, com Wick vivendo sob constante ameaça, mas sem necessariamente resolver tudo com tiros e socos. Seria um filme sobre paranoia, risco iminente e consequências morais, não sobre body counts impressionantes.
Embora seja impossível saber se essa versão teria o mesmo impacto, é curioso imaginar como o cinema de ação seria diferente hoje sem a intervenção criativa de Stahelski. O diretor trouxe sua experiência como dublê e coordenador de ação para criar sequências que redefiniram o gênero - algo que dificilmente aconteceria no projeto original.
E você? Prefere o John Wick cheio de ação que conhecemos ou acha que o conceito mais contido poderia ter funcionado?
O impacto silencioso do John Wick original
Embora nunca tenhamos visto a versão original de Scorn, elementos do conceito inicial ainda ecoam na franquia atual. A cena em que Wick visita o clube russo no primeiro filme - cheia de tensão e diálogos cortantes - é provavelmente o que mais se aproxima do tom que Stahelski descreveu como "guerra fria". E quem não se lembra daqueles momentos de respiro entre os tiroteios, onde a câmera captura a solidão do personagem em seu apartamento vazio?
Curiosamente, essa dualidade entre ação e introspecção tornou-se uma das forças da série. "Nós mantivemos a alma do roteiro original mesmo quando mudamos tudo", refletiu Stahelski em outra entrevista ao IndieWire. O diretor revelou que certas cenas quase mudaram de novo durante as filmagens, com Reeves sugerindo versões mais contidas que depois foram descartadas.
Quando menos era mais: a filosofia por trás da violência
Os fãs mais atentos notarão que, apesar do alto número de mortes, John Wick nunca se torna um massacre gratuito. Cada sequência de ação serve ao desenvolvimento do personagem e da mitologia criada em torno do Hotel Continental. Essa foi a solução criativa que encontramos para equilibrar o conceito original com as expectativas do gênero", explicou o roteirista Derek Kolstad em podcast sobre cinema de ação.
E os números de bilheteria sugerem que o público apreciou essa abordagem. Mas será que o sucesso teria sido o mesmo se mantivessem o plano original? Alguns críticos argumentam que:
O mercado já estava saturado de thrillers psicológicos na época
Keanu Reeves precisava de um veículo para mostrar suas habilidades físicas
O público dos anos 2010 ansiava por ação clara e bem coreografada
Por outro lado, cineastas como Christopher Nolan demonstraram que é possível misturar profundidade psicológica com espetáculo visual. Talvez o John Wick original pudesse ter seguido por esse caminho intermediário - menos mortes, mas mantendo a intensidade emocional que tornou o personagem tão cativante.
A influência não realizada: como Scorn poderia ter mudado o cinema
Se o projeto original tivesse sido filmado, estaríamos discutindo hoje um legado completamente diferente. Imagine um universo onde:
As sequências seguissem o modelo de Jason Bourne em vez de Mad Max
O "gun-fu" nunca tivesse sido popularizado
Os filmes de ação continuassem priorizando CGI sobre coreografias práticas
Stahelski admitiu em entrevista à Empire que muitas das inovações da franquia surgiram justamente da necessidade de diferenciar Wick de outros assassinos do cinema. "Se tivéssemos feito aquela versão inicial, talvez hoje estaríamos copiando Taken em vez de inspirando novos filmes", brincou o diretor.
E enquanto os fãs aguardam notícias sobre o quinto filme, uma pergunta persiste: será que algum dia veremos um spin-off ou série que explore esse conceito original mais contido? Com o universo John Wick se expandindo para TV e outros meios, talvez Scorn possa finalmente ter sua chance - mesmo que como uma curiosidade histórica para os fãs mais dedicados.
Com informações do: O Vício