Uma Revisão Retrospectiva do Clássico Familiar

Em 1995, o personagem mais famoso da Harvey Comics que não se chamava Richie Rich fez sua estreia no cinema em live-action, embora o Casper que vemos ao longo de seu filme homônimo tenha sido trazido à vida principalmente através dos melhores efeitos visuais que o dinheiro podia comprar há 30 anos.

Casper e Kat

Com Steven Spielberg como produtor, Christina Ricci (recém-saída de Addams Family) no elenco principal, uma quantidade excessiva de cameos e um enredo que aborda a morte de maneiras tanto trágicas quanto engraçadas, Casper cria um tom que seria único para qualquer fantasia sobrenatural. Mas é especialmente excêntrico em um filme supostamente voltado para crianças.

Um Sucesso Inesperado

Estreando em 26 de maio de 1995, Casper foi um grande sucesso, terminando como o oitavo filme de maior bilheteria do ano (entre Seven e Waterworld). Enquanto o maior filme infantil de 1995 foi Toy Story, que explora alguns temas existenciais, ele não enfrenta o vazio com tanta coragem quanto Casper.

Temas Sombrios em um Filme Infantil

O filme começa com uma morte, quando a gananciosa Carrigan Crittenden (Cathy Moriarty) e seu advogado desonesto Dibs (Eric Idle) descobrem que ela herdou apenas uma coisa de seu pai recentemente falecido: Whipstaff Manor. Carrigan não tem uso para a mansão à beira-mar - localizada na otimista Friendship, Maine - até que um papel escondido com a escritura sugere que há um tesouro escondido em algum lugar dentro dela.

Em outro lugar da história, outra morte moldou um conjunto diferente de personagens: o Dr. James Harvey (Bill Pullman) e sua filha Kat (Christina Ricci) ainda estão sofrendo com a perda da mãe de Kat. O mecanismo de enfrentamento de Harvey tem sido se transformar em uma espécie de exorcista sensível, usando suas habilidades terapêuticas para ajudar a guiar pacientes "impedidos de viver" para o além.

Por trás disso, é claro, está sua esperança de poder entrar em contato com sua falecida esposa no além - algo que Kat tolera, apesar de ser provocada por causa de seu pai excêntrico. Harvey promete a ela que esta será a última vez que ele desenraiza sua filha para um trabalho de caça-fantasmas quando eles chegam a Whipstaff Manor.

Perguntas Não Respondidas

O filme levanta algumas questões intrigantes, principalmente: por que o pai de Casper não o reviveu naquela época? Graças a um jornal antigo, descobrimos que ele acabou sendo levado para um hospital psiquiátrico por causa de sua obsessão em "trazer fantasmas de volta à vida", mas a Máquina de Lázaro está muito bem escondida em uma sala secreta. Certamente ele teria tido tempo suficiente para ressuscitar Casper antes que alguém descobrisse?

A resposta, presumivelmente, é que precisamos que Casper seja um fantasma para que haja Casper, e para todos os elementos improvisados em torno desse ponto central, é surpreendente que não haja mais furos no enredo.

O Legado Visual de Casper

Os efeitos visuais de Casper foram revolucionários para a época, marcando um dos primeiros usos convincentes de um personagem CGI totalmente integrado a atores reais. A Industrial Light & Magic (ILM) desenvolveu técnicas inovadoras para criar o fantasma amigável, incluindo um sistema de 'controle de deformação' que permitia que o corpo de Casper se esticasse e se movesse de maneiras fluidas e orgânicas. O resultado foi tão impressionante que o filme ganhou uma indicação ao Oscar de Melhores Efeitos Visuais.

Mas o que é ainda mais notável é como esses efeitos envelheceram. Enquanto muitos filmes dos anos 90 com CGI parecem datados hoje, o design de Casper mantém um charme atemporal - talvez porque sua natureza fantasmagórica justifique certa irrealidade. Você já parou para pensar como seria diferente se o filme fosse feito hoje com tecnologia moderna?

O Elenco e Suas Curiosidades

O filme é repleto de escolhas de elenco interessantes que vão além do óbvio. Malia Scotch Marmo, a roteirista, originalmente imaginou Paul Reubens (conhecido por seu personagem Pee-wee Herman) como a voz de Casper, mas o estúdio optou por Devon Sawa para a forma humana do fantasma. A voz final de Casper acabou sendo uma combinação de várias crianças, incluindo o filho de 11 anos do diretor Brad Silberling.

Christina Ricci, então com 14 anos, trouxe uma profundidade inesperada ao papel de Kat. Sua experiência prévia com o macabro em Addams Family serviu bem ao tom único de Casper. Curiosamente, ela quase recusou o papel porque estava cansada de interpretar personagens góticas, mas mudou de ideia ao ler o roteiro e perceber a abordagem emocional da história.

As Cenas Cortadas Que Mudariam Tudo

Versões iniciais do roteiro incluíam elementos ainda mais sombrios que foram cortados para manter a classificação PG. Em uma cena excluída, Carrigan teria sido arrastada para o inferno por demônios após sua morte, em vez da versão mais suave que vemos no corte final. Outra cena removida mostrava Kat tendo um pesadelo vívido onde via sua mãe morta, reforçando ainda mais os temas de luto que permeiam o filme.

Talvez a omissão mais significativa tenha sido uma explicação mais detalhada sobre o passado de Casper. Rascunhos anteriores do roteiro sugeriam que ele havia morrido de pneumonia após brincar na neve sem casaco - uma punição por desobedecer seu pai. Essa motivação teria dado ainda mais peso emocional à relação entre os dois personagens fantasmas.

A Trilha Sonora Esquecida

Enquanto a música-tema 'Casper's Lullaby' de James Horner é lembrada com carinho, poucos percebem como a trilha sonora completa é complexa. Horner compôs leitmotifs distintos para cada um dos fantasmas - com o tema de Casper sendo uma variação infantil da melodia principal. Em contraste, os tios fantasmas têm temas baseados em músicas de big band dos anos 40, refletindo a era em que morreram.

O álbum da trilha sonora original nunca foi lançado oficialmente, tornando-se um item de colecionador. Parte da razão? Direitos complicados envolvendo as várias versões cover de músicas clássicas usadas no filme, incluindo a notável versão de 'Remember Me This Way' por Jordan Hill, que se tornou um hit menor na época.

O Impacto Cultural Duradouro

Embora Casper tenha sido inicialmente visto como um filme infantil convencional, sua influência pode ser vista em produções posteriores que equilibram humor e temas sombrios. Desde ParaNorman até Coraline, há um claro legado de narrativas infantis que não subestimam a inteligência emocional de seu público. O próprio Casper apareceria em várias sequências diretas para vídeo e séries animadas, mas nenhuma capturaria a mistura peculiar do original.

O que talvez seja mais impressionante é como o filme consegue ser tão repleto de referências para adultos enquanto ainda cativa crianças. Desde a piada sobre o 'Can you keep a secret? I'm dead' até os cameos de Dan Aykroyd como Ray Stantz de Ghostbusters e Clint Eastwood como ele mesmo (em uma das piadas mais absurdas do filme), há camadas de humor que só fazem sentido anos depois.

Com informações do: gizmodo