Diretor polêmico usa tática incomum para provocar atriz
Bryce Dallas Howard compartilhou uma história curiosa sobre seu trabalho com o controverso cineasta Lars von Trier durante as filmagens de Manderlay (2005). Conhecido por seus métodos pouco convencionais, von Trier teria tentado provocar a atriz insultando seu pai, o renomado diretor Ron Howard.
"Eu estava meio que encantada com aquilo", revelou Howard sobre a situação incomum. A tática do diretor dinamarquês parece fazer parte de seu estilo característico de extrair performances intensas de seus atores.
O contexto por trás da provocação
Von Trier tem longa história de polêmicas no set. Além do episódio com Howard, o diretor enfrentou acusações de assédio sexual por parte da cantora Björk durante as filmagens de Dancer in the Dark (2000). Outro incidente marcante ocorreu quando John C. Reilly abandonou Manderlay após uma cena envolvendo a morte real de um animal.
O que você faria se um diretor insultasse seu pai para provocar uma reação? Para Howard, a abordagem inusitada parece ter funcionado como parte do processo criativo. "Há algo quase infantil na maneira como ele provoca as pessoas", refletiu a atriz em entrevista ao The Hollywood Reporter.
O legado complexo de von Trier
Enquanto alguns atores têm experiências positivas trabalhando com von Trier, outros relatam situações desgastantes. O diretor, que faz parte do movimento Dogma 95, é conhecido por:
Métodos de direção não convencionais
Frequentemente colidir com atores e equipe
Criar atmosferas intensas nos sets de filmagem
Curiosamente, apesar das controvérsias, muitos atores continuam buscando trabalhar com ele, atraídos pela oportunidade de participar de projetos artisticamente desafiadores. Howard, que tinha apenas 24 anos durante as filmagens de Manderlay, parece ter levado a experiência como parte de seu crescimento profissional.
O paradoxo do diretor provocador
O que poderia ser visto como comportamento inaceitável em outros contextos parece ganhar outra dimensão no universo cinematográfico de von Trier. A própria Howard reflete sobre essa dualidade: "Há uma linha tênue entre manipulação e direção criativa, e Lars dança nessa corda bamba com maestria". A atriz, que hoje também dirige, admite ter aprendido lições valiosas sobre como extrair verdade emocional dos atores.
Mas será que os fins justificam os meios? O caso de Björk, que descreveu sua experiência como "o pior sofrimento psicológico" de sua vida, contrasta fortemente com a perspectiva mais filosófica de Howard. "Cada ator reage de maneira diferente", pondera a atriz. "Para alguns, esse tipo de provocação pode ser libertador; para outros, profundamente perturbador."
O método von Trier: genialidade ou crueldade?
Analisando os depoimentos de diversos colaboradores, um padrão interessante emerge:
Nicole Kidman relatou se sentir "totalmente exposta" durante Dogville, mas considerou a experiência transformadora
Kirsten Dunst descreveu as filmagens de Melancholia como "emocionalmente exaustivas, mas incrivelmente gratificantes"
Charlotte Gainsbourg, que trabalhou em três filmes do diretor, admitiu que "Lars sabe como te levar a lugares que você nem sabia que existiam dentro de você"
Esses relatos sugerem que o método de von Trier, por mais controverso que seja, produz resultados artisticamente significativos. O diretor parece possuir uma compreensão quase intuitiva de como quebrar as defesas dos atores para alcançar performances cruas e autênticas.
No caso específico de Howard, a provocação envolvendo seu pai pode ter sido estrategicamente calculada. Como filha de um dos diretores mais respeitados de Hollywood, ela naturalmente desenvolveria certas defesas profissionais. Ao atacar justamente esse ponto sensível, von Trier possivelmente buscava acessar uma vulnerabilidade genuína.
O impacto duradouro na carreira de Howard
A experiência em Manderlay parece ter deixado marcas profundas na abordagem de Howard como atriz e diretora. Em entrevista ao Variety, ela mencionou: "Aprendi que o desconforto pode ser um terreno fértil para a criatividade". Essa lição ecoa em seus trabalhos posteriores, tanto na atuação quanto na direção.
Interessantemente, Howard desenvolveu um estilo de direção bastante diferente do de von Trier. Enquanto ele cria ambientes de tensão, ela é conhecida por cultivar sets colaborativos e acolhedores. "Aprendi o que queria emular e o que queria evitar", brincou em uma palestra na American Film Institute.
Essa capacidade de transformar até mesmo experiências desafiadoras em crescimento profissional talvez explique por que, apesar de tudo, muitos atores continuam dispostos a trabalhar com diretores difíceis como von Trier. O cinema, afinal, muitas vezes prospera naquele espaço desconfortável entre segurança artística e risco criativo.
Com informações do: DEADLINE