Voz de Geralt rebate críticas sobre protagonismo de Ciri em The Witcher 4

Doug Cockle, o icônico dublador de Geralt de Rívia na trilogia de jogos The Witcher, não poupou palavras ao responder às críticas de parte da comunidade sobre a escolha de Ciri como protagonista em The Witcher 4. Em entrevista, ele classificou como "estúpidos" os comentários que rotulam o jogo como "woke" por essa decisão narrativa.
Para quem acompanha a franquia, a ascensão de Ciri não deveria ser surpresa. A personagem já teve papel central nos livros de Andrzej Sapkowski e em The Witcher 3: Wild Hunt, onde era jogável em partes significativas da campanha. Mas por que essa mudança está causando tanta polêmica agora?
O legado de Ciri na franquia The Witcher
Ciri não é nenhuma novata no universo de The Witcher. Sua história está intrinsecamente ligada à de Geralt desde os romances originais:
- Introduzida como "a criança da profecia" destinada a mudar o mundo
- Treinada como bruxa, mas com habilidades únicas de viagem entre dimensões
- Personagem jogável em segmentos importantes de The Witcher 3
- Possível sucessora de Geralt dependendo das escolhas do jogador
Na minha experiência como fã da série, a transição para Ciri como protagonista parece não apenas natural, mas necessária para explorar novas facetas desse universo rico. Afinal, quantas histórias podemos contar com um Geralt já envelhecido?
As reações da comunidade e a resposta dos criadores
A polêmica reflete um padrão preocupante na indústria de games, onde qualquer mudança que traga diversidade é imediatamente rotulada como "agenda woke". Cockle, que deu voz a Geralt por quase duas décadas, parece cansado dessa narrativa reducionista.
Vale lembrar que a CD Projekt Red já havia anunciado que The Witcher 4 marcaria o início de uma nova saga. E se há alguém que poderia carregar o legado da franquia, Ciri parece a escolha mais óbvia - uma personagem já amada pelos fãs e com um arco inacabado.
O que mais me impressiona é a resistência a uma mudança que, em qualquer outra mídia, seria celebrada como evolução natural da narrativa. Será que o problema está realmente na personagem, ou na incapacidade de alguns fãs de aceitar que histórias podem - e devem - mudar?
O potencial narrativo de Ciri como protagonista
Analisando friamente, Ciri oferece possibilidades narrativas que Geralt nunca poderia proporcionar. Enquanto o Bruxo é um personagem estabelecido com poderes e limitações bem definidas, Ciri representa:
- Um elo entre o mundo dos bruxos e a magia ancestral dos Aen Elle
- A ponte perfeita para explorar novas regiões do universo através de suas habilidades dimensionais
- Um ponto de vista mais jovem e em evolução, contrastando com o cinismo de Geralt
- Oportunidades para mecânicas de jogo inéditas envolvendo seus poderes especiais
Na prática, jogar como Ciri pode significar muito mais do que simplesmente trocar o modelo do personagem. Imagine combates que alternam entre espada e magia caótica, sequências de perseguição entre dimensões, ou até mesmo decisões que afetam realidades paralelas. Não seria essa exatamente a inovação que os fãs dizem querer?
O precedente de sucesso com protagonistas femininas

Curiosamente, a indústria já provou repetidas vezes que protagonistas femininas podem liderar franquias de sucesso. Basta olhar para:
- Aloy em Horizon Zero Dawn, que se tornou um dos ícones da PlayStation
- Lara Croft, cujo reinício em 2013 revitalizou toda a franquia Tomb Raider
- Jill Valentine e Claire Redfield, pilares da série Resident Evil
O que me faz questionar: por que essas personagens são celebradas, enquanto Ciri gera divisão? Seria apenas o apego emocional a Geralt, ou existe um viés mais profundo em jogo? A CD Projekt Red certamente está ciente desses precedentes ao tomar sua decisão criativa.
As possíveis direções para a história de The Witcher 4
Considerando o final ambíguo de The Witcher 3, onde o destino de Ciri varia conforme as escolhas do jogador, os desenvolvedores têm várias opções para justificar sua ascensão como protagonista:
- Adotar um dos finais de Wild Hunt como canônico
- Criar uma linha do tempo alternativa que ignore as escolhas anteriores
- Ambientar o jogo antes dos eventos finais de Wild Hunt
- Introduzir um novo ciclo de profecias que exija o retorno de Ciri
Particularmente, acredito que a abordagem mais interessante seria explorar o período em que Ciri viajava entre dimensões durante os eventos do terceiro jogo. Quantas histórias incríveis poderiam ser contadas sobre suas aventuras nesses mundos desconhecidos? Essa seria uma forma brilhante de expandir o universo enquanto mantém conexões com a narrativa estabelecida.
E quanto ao próprio Geralt? Mesmo que não seja o protagonista, duvido que a CD Projekt Red o deixaria completamente de fora. Talvez como mentor, talvez como personagem secundário em missões específicas - há inúmeras formas de homenagear seu legado sem roubar o protagonismo de Ciri.
Com informações do: Eurogamer