O que esperar do Vision Pro sem controles dedicados

A Apple sempre surpreende com suas escolhas de design, e com o Vision Pro não foi diferente. Enquanto muitos esperavam controles físicos dedicados para o headset de realidade aumentada, a empresa optou por uma abordagem diferente - e isso pode ser mais inteligente do que parece.

Em vez de desenvolver acessórios específicos, a Apple está confiando em uma combinação de rastreamento manual avançado e suporte a controles de terceiros. Essa decisão reflete uma filosofia familiar: criar um ecossistema aberto onde desenvolvedores e fabricantes possam inovar.

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© Raymond Wong / Gizmodo

Como funcionará a interação com o Vision Pro

Os primeiros testes mostram que o sistema de rastreamento manual do Vision Pro é impressionantemente preciso, capaz de detectar movimentos sutis dos dedos e até a pressão aplicada em gestos virtuais. Mas será que isso será suficiente para todos os tipos de aplicações?

Para quem prefere a sensação física de um controle nas mãos, a boa notícia é que o Vision Pro será compatível com:

  • Controles de jogos Bluetooth existentes

  • Dispositivos MFi (Made for iPhone/iPad)

  • Acessórios especializados de desenvolvedores parceiros

Essa abordagem lembra a estratégia inicial do iPhone, que também dispensou teclado físico em favor da tela sensível ao toque - uma decisão que muitos criticaram na época, mas que acabou se mostrando visionária.

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A Apple tentou demonstrar a aparência das novas Personas em comparação com o design antigo. © Apple

O desafio da adoção em massa

Com um preço inicial de US$ 3.500, o Vision Pro claramente não é um produto para o consumidor médio. Mas a decisão de não incluir controles dedicados pode ter mais a ver com o público-alvo do que com economia.

Profissionais criativos e desenvolvedores, que provavelmente serão os primeiros a adotar o dispositivo, podem preferir soluções personalizadas para suas necessidades específicas. Afinal, um designer 3D precisa de ferramentas diferentes de um cirurgião usando realidade aumentada ou um engenheiro trabalhando com modelos virtuais.

O potencial oculto da abordagem aberta da Apple

Ao abrir o Vision Pro para controles de terceiros, a Apple pode estar criando inadvertidamente um mercado totalmente novo para acessórios de realidade espacial. Já vemos empresas como Logitech e Razer explorando conceitos de dispositivos de entrada especializados - desde luvas hápticas até canetas estilizadas para design 3D.

Curiosamente, essa estratégia contrasta com a abordagem de concorrentes como Meta, que investiu pesado em seus próprios controles do Quest Pro. Mas será que a flexibilidade acabará sendo mais valiosa do que a padronização?

Casos de uso além dos óbvios

Enquanto muita discussão se concentra em jogos e entretenimento, as aplicações profissionais podem ser onde a falta de controles dedicados realmente brilha. Imagine:

  • Médicos usando luvas cirúrgicas equipadas com sensores para manipular imagens médicas

  • Músicos controlando instrumentos virtuais com gestos específicos de suas disciplinas

  • Arquitetos usando modelos físicos de controle como interfaces tangíveis para seus projetos

Na minha experiência testando protótipos de AR, descobri que as melhores interfaces muitas vezes surgem quando os usuários podem adaptar ferramentas familiares ao ambiente virtual, em vez de aprender sistemas completamente novos.

Os desafios técnicos por trás da simplicidade

A decisão da Apple parece simples na superfície, mas esconde complexidades técnicas impressionantes. O sistema precisa:

  • Manter baixa latência mesmo com múltiplos dispositivos conectados

  • Oferecer suporte consistente a diferentes protocolos de comunicação

  • Garantir que os desenvolvedores tenham ferramentas para mapear controles físicos a funções virtuais

E aqui está algo que me surpreendeu: fontes próximas ao desenvolvimento sugerem que o Vision Pro pode usar aprendizado de máquina para "aprender" novos padrões de controle conforme os usuários os configuram, potencialmente reduzindo a necessidade de drivers específicos para cada dispositivo.

Com informações do: gizmodo