O fracasso estrondoso da nova versão de 'A Guerra dos Mundos'

A clássica obra de H.G. Wells, publicada originalmente em 1898, recebeu mais uma adaptação cinematográfica em 2025 - e essa pode ser a pior de todas. Dirigida por Rich Lee com roteiro de Kenneth A. Golde e Marc Hyman, a produção já conquistou um lugar nada honroso entre os maiores fracassos do cinema.

O que será que deu tão errado nesta versão estrelada por Ice Cube, Eva Longoria e Clark Gregg? As avaliações falam por si: no Rotten Tomatoes, apenas 3% dos críticos aprovaram o filme, enquanto o público foi um pouco mais generoso com 22% de avaliações positivas. Esses números foram suficientes para colocar a produção no ranking das 100 piores películas de todos os tempos, ocupando a 88ª posição.

Um desastre em todas as métricas

A situação não é melhor no IMDb, onde o filme despenca para o 41º lugar entre os piores, com uma média de apenas 2,7 estrelas. A trama segue Will Radford (Ice Cube), especialista em segurança nacional, em sua busca por um hacker misterioso enquanto a Terra é invadida por máquinas violentas vindas do espaço.

O contexto de produção já anunciava problemas: filmado durante a pandemia, com restrições de locação e gravações em espaços fechados. Mas será que essas limitações justificam o resultado final? Muitos espectadores e críticos parecem concordar que não.

Desde seu lançamento na Amazon Prime Video em 30 de julho, as críticas negativas não param de chegar. Alguns destacam a atuação forçada do elenco, outros apontam para efeitos visuais questionáveis e um roteiro que parece ignorar completamente o espírito da obra original de Wells.

Um legado difícil de carregar

"A Guerra dos Mundos" tem uma história rica de adaptações - desde o famoso programa de rádio de Orson Welles em 1938 até as versões cinematográficas de 1953 e 2005. Essa nova tentativa, no entanto, parece ter falhado em capturar o que fez a história resistir ao tempo: seu comentário social, tensão psicológica e senso de maravilhamento diante do desconhecido.

Em vez disso, os espectadores encontraram clichês de filmes B, diálogos embaraçosos e uma execução técnica que deixou muito a desejar. Até mesmo os fãs mais dedicados de ficção científica parecem ter dificuldade em encontrar algo de positivo para destacar.

Com o filme ainda recente no catálogo da Amazon, resta saber se o veredito permanecerá tão implacável com o passar do tempo. Será que algum aspecto dessa produção será reavaliado no futuro, ou ela está destinada a permanecer como um exemplo do que não fazer numa adaptação literária?

Comparações inevitáveis com adaptações anteriores

Quando colocada lado a lado com outras versões de 'A Guerra dos Mundos', a produção de 2025 se destaca negativamente. A adaptação de 1953, vencedora do Oscar de Melhores Efeitos Visuais, trouxe inovações técnicas para a época. Já a versão de Steven Spielberg em 2005, apesar de divisiva entre os críticos, pelo menos conseguiu criar sequências de ação memoráveis e uma atmosfera de tensão genuína.

O que dizer então desta nova tentativa? Em uma cena particularmente criticada, as máquinas alienígenas parecem ter saído diretamente de um jogo de videogame dos anos 2000. E o design dos tripods - elemento icônico da história - foi descrito por um crítico como 'uma mistura bizarra entre um drone e um aspirador de pó'.

O elenco subutilizado e as escolhas questionáveis

Ice Cube, conhecido por seus papéis marcantes em filmes como 'Friday' e 'Barbershop', parece completamente perdido em seu papel de especialista em segurança nacional. Suas falas são entregues com uma falta de convicção que chega a ser cômica. Eva Longoria, por sua vez, tem um papel tão reduzido que muitos espectadores se perguntaram por que contrataram uma atriz de seu calibre.

Mas talvez a decisão mais intrigante tenha sido a mudança no tom da narrativa. Enquanto a obra original e suas adaptações anteriores mantinham um clima de terror e suspense, esta versão oscila estranhamente entre tentativas fracassadas de humor e cenas de ação mal coreografadas. Em determinado momento, há até uma sequência que parece parodiar filmes de invasão alienígena - mas fica claro que não era essa a intenção.

Reações do público e possíveis explicações

Nas redes sociais, os memes não pararam de circular desde o lançamento. Um tweet em particular viralizou: 'Assistir essa versão de A Guerra dos Mundos me fez torcer pelos aliens'. Outros espectadores brincaram que o verdadeiro 'ataque alienígena' foi o filme contra a inteligência do público.

Especialistas em produção cinematográfica apontam vários fatores que podem ter contribuído para o desastre: o orçamento relativamente baixo (estimado em US$ 40 milhões), as restrições da pandemia que limitaram as locações, e um cronograma de produção apressado. Mas será que esses fatores explicam completamente o resultado? Afinal, outros filmes feitos sob condições semelhantes conseguiram entregar produtos mais competentes.

Uma teoria que ganhou força entre os fãs é que o projeto pode ter sofrido interferência excessiva do estúdio. Cenas do trailer não aparecem na versão final, sugerindo possíveis refilmagens de última hora ou mudanças drásticas na edição. Alguns chegaram a especular sobre possíveis problemas na pós-produção, com os efeitos visuais sendo finalizados às pressas para cumprir a data de lançamento.

O futuro das adaptações literárias

Este fracasso levanta questões importantes sobre o estado atual das adaptações de obras clássicas. Nos últimos anos, vimos tanto sucessos (como 'Duna') quanto fracassos retumbantes. O que diferencia uma boa adaptação de uma ruim? Será que o problema está na falta de respeito ao material original, ou na tentativa de modernizar demais histórias consagradas?

No caso específico de 'A Guerra dos Mundos', muitos fãs argumentam que a essência da história foi completamente perdida. O romance de Wells era, em seu cerne, um comentário sobre o colonialismo e a fragilidade da civilização humana. Esta nova versão, por outro lado, parece mais interessada em explosões e frases de efeito do que em qualquer tipo de profundidade temática.

Com informações do: VidaExtra